Menos de mil assassinatos em 2022: que sejam menos ainda em 2023

Não se discute o êxito das políticas que levaram à redução no número de homicídios, é sinal de um acerto estratégico. Mas é preciso estabelecer planos para sufocar as ações das facções do tráfico que têm agido principalmente na Região Metropolitana

Publicado em 03/01/2023 às 01h01
Balas
O Espírito Santo registrou 998 assassinatos ao longo de 2022. Crédito: Pixabay/ Pexels

Mil é um número carregado de relevância, para o bem e para o mal. Pelé, de quem o Brasil se despede atualmente com pesar, será para sempre lembrado por ter superado essa marca de gols. "Mil gols, só Pelé", diz a canção entoada nos estádios. Mas na segurança pública, sobretudo em um Estado que em 2009 chegou a superar a barreira dos 2 mil assassinatos, o gol de placa é estar estatisticamente abaixo desse ponto. Cada vez mais distante. E, em 2022, o Espírito Santo registrou 998 homicídios

É a segunda ocasião, desde o início da série histórica, em 1996, que o Estado não tem um número de quatro dígitos. Em 2019, quando o Espírito Santo registrou 987 mortes violentas, criou-se um clima de muito otimismo para os anos que viriam.  Afinal, a trajetória de queda ocorreu ao longo da última década, resultado de políticas públicas de Estado que perpassaram diferentes governos e se confirmaram bem-sucedidas.  À exceção de 2017, ano marcado pela explosão de violência em decorrência da greve da PM.

Contudo, nos anos que se seguiram, 2020 e 2021, a tendência de queda foi interrompida.  Foram registrados nesses dois anos, respectivamente, 1.107 e 1.061 homicídios em território capixaba. Para o cidadão, houve a percepção de crescimento dos conflitos em bairros conflagrados, sobretudo na Grande Vitória. Tanto que os números de 2022 divulgados pela  Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp) apontam uma piora nessa região,  passando de 520 assassinatos em 2021 para 530 em 2022.

É uma sinalização importante para as autoridades de segurança pública. No primeiro semestre de 2022, Vila Velha se tornou o epicentro das mortes dolosas, com 89 registros de janeiro a junho. No mesmo período do ano anterior, foram 60. A disputa entre facções do tráfico foi apontada como a causa desse crescimento. Conflitos que não se restringem a Vila Velha e se espalham por bairros de Vitória, Serra e Cariacica. 

O ano de 2022 foi marcado por ações audaciosas de bandidos, sobretudo tiroteios intensos como o registrado na madrugada de 19 de julho na região central de Vitória, que puderam ser ouvidos de bairros de Vila Velha e Cariacica. Em 19 de agosto,  os tiros vindos do bairro Jesus de Nazareth na direção de duas das principais artérias viárias de Vitória assustaram a população.  Não houve mortes em nenhum dos casos, mas são demonstrações de força inaceitáveis.

A recorrência dos crimes patrimoniais também preocupa cada vez mais a população, como os sequestros com a utilização do Pix. Nos últimos meses do ano, houve um aumento na percepção desses crimes, sobretudo em Vitória. É um tipo de violência que tira a tranquilidade das pessoas, contribuindo para a sensação de insegurança.

O êxito das políticas e ações que levaram à redução no número de homicídios no Estado em 2022 é indiscutível, é sinal de um acerto estratégico. Mas é preciso estabelecer planos para sufocar as ações  das facções do tráfico que têm agido principalmente na Região Metropolitana. As metas das autoridades devem também ser cada vez mais audaciosas, para que ao fim deste ano que acaba de nascer o número mil passe a ser apenas uma lembrança de tempos mais violentos.

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.