Que está chovendo demais desde novembro no Espírito Santo não é novidade para ninguém. O que tem causado ainda mais apreensão neste finalzinho de 2022 é o impacto destruidor desse aguaceiro nas rodovias federais e estaduais, dando ao menos a impressão de que as vias estão sendo mais castigadas do que em períodos anteriores de chuva intensa.
O trecho Norte da BR 101 é o epicentro, com episódios recorrentes de erosão asfática. Em Aracruz, no km 171, o asfalto cedeu e provocou a interdição da via por mais de uma semana, até a Eco101 liberar um desvio para a execução das obras, com prazo de 30 dias. Nesta semana, mais uma interdição total no km 71,5, em São Mateus, com a abertura de uma cratera. Serão mais 60 dias até a remodelação da via.
Na malha estadual, nesta terça-feira (20) havia o registro oficial de quatro rodovias com ponto de interdição total, em municípios do Norte do Estado. As sete rodovias estaduais que estão parcialmente interditadas localizam-se também em outras regiões.
Todas as interdições provocam prejuízos econômicos, com as limitações impostas ao transporte de cargas. Sobretudo na BR 101, o principal eixo logístico do Espírito Santo. Neste ano, não há registro de incidentes graves na infraestrutura da BR 262, como já houve em outras ocasiões, com deslizamentos de terra bloqueando a pista.
Para os usuários de veículos de passeio ou ônibus, a necessidade de realizar desvios para chegar ao destino pode causar um acréscimo de até duas horas e meia na viagem, em alguns trechos. As chuvas previstas para o fim do ano prometem atrapalhar bastante a programação de motoristas e passageiros no Natal e no ano-novo.
Em meio ao fim da concessão da BR 101, a recorrência de crateras colossais, deslizamentos e alagamentos que provocam a interrupção do trânsito precisa encabeçar as preocupações sobre o futuro da rodovia. A duplicação no trecho Norte não avançou em função dos entraves das licenças ambientais, mas o que se testemunha atualmente coloca em xeque a própria manutenção da BR 101, a cargo da concessionária.
Obviamente, chuvas fortes são incontroláveis e, dentro de um cenário de eventos climáticos extremos em todo o planeta, serão cada vez mais comuns, mas é preciso investigar se há alguma falha estrutural acentuando a destruição das pistas. Será a qualidade do asfalto? Problemas na execução das obras? Infiltrações de barragens ou escoamento de rios? Com estudo e técnica e um poder público atuante na fiscalização, é possível conseguir as respostas e construir e manter as rodovias mais seguras, mesmo quando chove.
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