"A gente vê acontecendo com as outras pessoas. A gente sente, mas não é igual quando acontece com a própria família."
A declaração, dada ao Bom Dia ES da TV Gazeta por um parente de uma jovem morta na BR 101, em Sooretama, é exemplar de como percepção da sociedade sobre a violência no trânsito precisa mudar. Cada vida perdida, mesmo que distante de nós, precisa ser mobilizadora de uma reação coletiva por um trânsito mais racional. Justamente para evitar que essa tragédia se aproxime de mais pessoas.
O acidente de grandes proporções na manhã de domingo (11) na Avenida Mario Gurgel, em Cariacica, chamou atenção não somente pela dimensão, com oito automóveis e uma moto batidos em três pontos diferentes da via. O que sensibilizou as pessoas, com toda a razão, foi a morte de Rosa de Angeli Bazelate, 67 anos, dona de uma famoso bar em Campo Grande. Uma pessoa popular na cidade, o que aproximou mais gente da tragédia.
De janeiro a julho deste ano, 474 mortes no trânsito foram registradas no Espírito Santo. No primeiro semestre deste ano, de janeiro a junho, a violência nas vias municipais, estaduais e federais que cortam o Estado pela primeira vez na série histórica provocou mais mortes do que a criminalidade. Como tanta gente morrendo de forma tão banal ainda não consegue provocar uma reação organizada? Capitaneada pelas lideranças políticas, mas sustentada com vigor pela sociedade.
Principalmente, por que tanta violência não consegue mudar o comportamento de cada pessoa no trânsito? Uma indagação que vale para todos e todas: motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres. Mas sempre reforçando uma máxima preconizada pelo próprio Código de Trânsito Brasileiro: os maiores cuidam dos menores. O Detran-ES está com uma campanha publicitária reforçando essa orientação, sobretudo pelos números de mortes de pedestres e ciclistas.
O novo secretário de Segurança Pública, Leonardo Geraldo Baeta Damasceno, em entrevista ao Bom Dia ES, reforçou a importância da educação no trânsito para reduzir esses índices. Importante que, como um problema de segurança pública, as fiscalizações sejam priorizadas, como forma inibir, por exemplo, quem ainda insistem em beber e dirigir.
As imprudências e negligências nas ruas são testemunhadas em cada esquina: alta velocidade, desrespeito à sinalização. Um sinal vermelho já não tem o mesmo poder de antes. As tecnologias estão disponíveis para multar quem não respeita as regras, o que falta é uma mobilização para espalhar radares pelas cidades. As leis de trânsito estão mais duras, mas é preciso aplicá-las. A punição dá o exemplo e muda comportamentos.
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