A escalada de mortes no trânsito envolvendo motociclistas e passageiros desses veículos é um sinal mais que evidente de que algo precisa mudar. No Espírito Santo, entre janeiro e novembro do ano passado, 50,47% das vítimas de acidentes de trânsito (743 óbitos no total) estavam sobre duas rodas.
A frota de motocicletas disparou no país, sobretudo após a pandemia, e as razões estão no próprio estilo de vida das grandes cidades: as entregas se tornaram parte da rotina e fez das motos um instrumento de trabalho valioso para muita gente. E, ao mesmo tempo, elas se tornaram as principais responsáveis por acidentes de trabalho no país, de acordo com o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho.
E os veículos também crescem como alternativa de transporte pessoal, diante da subida astronômica dos valores dos automóveis também desde a pandemia. As motos facilitam a locomoção não só nos grandes centos urbanos como também no interior. Se o caos impera nas ruas e avenidas das grandes cidades, nas zonas rurais é terra sem lei. É comum, nos acidentes registrados com uma frequência absurda no interior do Estado, os condutores nem terem habilitação.
Continuamos carentes demais de ações que organize o trânsito. Fiscalizações precisam acontecer com mais frequência, para coibir comportamentos de risco dos condutores. As motocicletas com escapamentos adulterados, que fazem tanto barulho, produzem mais do que poluição sonora: geralmente estão associadas a motociclistas que abusam da velocidade.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) está realizando neste verão a Operação Duas Rodas, para coibir as infrações e flagrar irregularidades nas rodovias federais que cortam o Estado. Mas é preciso, nos âmbitos estaduais e municipais, que haja também fiscalizações sazonais em rodovias estaduais e estradas vicinais. Obviamente não é possível a onipresença do Estado em todos os cantos, mas é possível abordagens mais estratégicas.
As mortes envolvendo motos são uma preocupação sobretudo pela selvageria. Os motociclistas estão sempre em uma situação de vulnerabilidade nas ruas e avenidas, e por isso ter ainda mais cuidado. É a vida deles mesmo que está em risco, na maior parte das vezes.
Vidas perdidas no trânsito não podem ser banalizadas. Nesta quarta-feira (17), uma menina de 8 anos morreu em um atropelamento. Não foi uma moto, mas é impossível não citá-la, uma vítima tão jovem, morta de forma tão abrupta. O trânsito precisa ser mais humano, esse deve ser o compromisso diário de cada pessoa que sai de casa: pedestre, ciclista, motocicilista e motorista.
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