Não dá para fingir costume com pontos interditados para banho em Vitória

O que deve ser feito, em nível institucional, é o combate efetivo ao lançamento de esgoto no mar e nos rios que nele deságuam, para que pontos interditados um dia sejam liberados ao banho

Publicado em 27/02/2023 às 00h50
Camburi
Balneabilidade em Vitória. Crédito: Vitor Jubini

Há, segundo reportagem de Natalia Bourguignon para este jornal, quatro pontos nas praias de Vitória que são classificados como interditados desde 2015. O que significa que o nível de poluição nesses locais inviabiliza de forma constante o banho de mar, sendo assim proibidos. Uma questão de saúde pública indiscutível.

Basta não frequentar esses pontos, então, e prestar atenção aos dados de balneabilidade das demais praias da Capital para fazer a melhor escolha para os momentos de lazer? Errado! Essas são as medidas paliativas, de bom senso, diante de um cenário adverso. O que deve ser feito, em nível institucional, é o combate efetivo ao lançamento de esgoto no mar e nos rios que nele deságuam, para que esses quatro pontos um dia sejam liberados ao banho.

Não é por acaso que as interdições ocorrem em pontos do Canal de Camburi (perto da Ponte de Camburi e da Passagem) e da Baía de Vitória (Praia de Jesus de Nazareth e Prainha de Santo Antônio). Regiões banhadas por águas que ainda recebem esgoto sem tratamento não somente da Região Metropolitana como de cidades no percurso do Rio Santa Maria da Vitória que desemboca ali.

Por essa razão, a expansão da rede de esgoto e a conscientização da ligação de imóveis ao sistema, quando ele existe, são cruciais para a despoluição da Baía de Vitória. Em 2020, o governo do Estado, com o sucesso do leilão que escolheu a empresa para operar o esgoto de Cariacica, garantiu a universalização do saneamento na Grande Vitória (em Vitória ele já é considerado universalizado) e a consequente limpeza da baía até 2030.

É por isso que não dá para fingir costume com praia interditada. É para exigir do poder público, em todos os níveis, o avanço do saneamento. Não só para proporcionar lazer em um mar limpo, mas para promover a dignidade entre as pessoas. Saneamento é questão ambiental e de saúde, mas também de redução das desigualdades. O impacto na vida das pessoas é transformador.

Há ainda algumas semanas de verão pela frente, e as praias capixabas continuarão a ser procuradas para um banho de mar refrescante. O jornalismo de A Gazeta denunciou que balneários importantes, como Guarapari Guriri, em São Mateus, estavam em falta com dados de balneabilidade, o que já foi sanado, pelo menos neste ano.

Essa transparência não pode ser pontual, é através de sua frequência que as autoridades podem tomar a decisão de interditar pontos, como ocorre em Vitória. O banhista tem o direito de saber se a praia que escolheu está ou não poluída.

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