Ao desistir de retirar do Centro de Vitória a sede da Ordem dos Advogados do Brasil – seccional Espírito Santo (OAB-ES), o presidente da entidade, José Carlos Rizk Filho, talvez sem esta intenção, deu uma contribuição simbólica para a valorização da região. Um passo pequeno para uma entidade, mas significativo diante dos desafios de não se abandonar o Centro, sem entrar no mérito das razões que fizeram o presidente decidir pela permanência no Edifício Ricamar.
Fato é que principalmente a região da Enseada do Suá, em Vitória, tem exercido nos últimos 30 anos um poder de sedução sobre os órgãos públicos no Espírito Santo. Uma das transferências mais recentes, e relevantes, foi a do Tribunal Regional do Trabalho no Espírito Santo (TRT-ES), que deixou as instalações modestas da região do Parque Moscoso para ocupar um prédio suntuoso e espelhado ao lado da Terceira Ponte, em 2020.
O prédio da Receita Federal na Ilha de Santa Maria foi inaugurado em 2019, enquanto o do Ministério Público Federal ainda está em obras. Uma região que está atraindo órgãos públicos localizada mais próxima do Centro, mas que parece começar a encher também os olhos do setor imobiliário.
Voltando ao Centro, em 2019 o governo estadual sistematizou um caminho de volta de órgãos públicos para a região, com a intenção de criar uma espécie de região administrativa. Um refluxo que, cinco anos depois, não parece ter ido muito longe. A expectativa é a de que, com mais órgãos funcionando no Centro, o entorno se revitalize com comércio e serviços para atender ao aumento da circulação de pessoas.
Regra que vale para o desenvolvimento de um ecossistema empresarial. No ano passado, a Prefeitura de Vitória (PMV) criou leis para incentivar a ocupação de imóveis na região central, entre elas a Lei do Retrofit. Há agora a expectativa da destinação dos galpões da Vports, a antiga Codesa, que anunciou que pretende dar início às obras no local em julho. E outras intervenções, como a do Teatro Carlos Gomes e do Mercado da Capixaba, também se impõem como atrativos remodelados do Centro de Vitória.
A permanência da OAB-ES pode parecer insignificante diante da dimensão que é tornar o Centro de Vitória novamente atraente, mas tem um peso simbólico, de não desistência. Vitória cresceu, a estrutura urbana contemporânea é descentralizada, em muitos bairros os moradores não precisam se deslocar para uma infinidade de atividades cotidianas. Os tempos são outros. Mas é possível encontrar uma identidade para o Centro de Vitória que não seja a do abandono.
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