Prefeitos eleitos não têm tempo a perder quando o assunto é o clima

As mudanças climáticas, como se vê, passaram a exigir ainda mais dos gestores públicos, com a destinação de investimentos e a promoção de políticas públicas para mitigar tanto os impactos das secas prolongadas quanto os das chuvas intensas

Publicado em 01/11/2024 às 01h00
Chuva forte causa alagamento na Avenida Cezar Hilal, em Vitória
Chuva forte causa alagamento na Avenida Cezar Hilal, em Vitória. Crédito: Leitor | A Gazeta

Não existem mais "tempos de paz".  No Espírito Santo, ao mesmo tempo em que se vislumbra um alívio com o fim do estresse hídrico provocado pela longa estiagem do inverno deste ano, o que já pode apontar para a possibilidade de suspensão do estado de alerta por falta e água decretado em setembro, a chuva salvadora também traz consigo os riscos de deslizamentos e inundações.

Números do Serviço Geológico do Brasil (SGB) mostram que, no Espírito Santo, 325 mil pessoas vivem em áreas de risco de deslizamento, queda de blocos, enxurradas e inundações. O que traz ainda mais apreensão ao período chuvoso, que costumava se iniciar em novembro, mas neste ano chegou mais cedo, com a superação da média histórica de chuva neste mês em Vitória. Para esta sexta-feira (1º) no Estado, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta de chuvas intensas para 41 municípios capixabas.

As mudanças climáticas, como se vê, passaram a exigir ainda mais dos gestores públicos, com a destinação de investimentos e a promoção de políticas públicas para mitigar tanto os impactos das secas prolongadas quanto os das chuvas intensas. Os  prefeitos recém-eleitos, portanto, devem colocar as ações envolvendo o clima na lista de prioridades, com o devido entendimento de que não há mais tempos de paz. Não há descanso para quem decide tomar conta das cidades.

Como reforçou o colunista Carlos Roxo, que escreve sobre meio ambiente mensalmente para A Gazeta, é no nível global que metas de redução de gases e outras medidas estruturais são definidas, sob responsabilidade das autoridades nacionais. Mas as administrações municipais, seguindo à risca o "pensar globalmente e agir localmente", podem contribuir para atenuar os impactos locais.

O mapeamento dos riscos é o que pode fazer a diferença diante da catástrofe, reduzindo danos. A reordenação dos terrenos com mais vulnerabilidade nas cidades, as escolhas mais inteligentes para o asfaltamento de ruas, os investimentos em bombeamento, a devida sinalização das emergências: há muito que pode ser feito no nível municipal tanto para evitar quanto para mitigar os impactos das mudanças climáticas.

O ano de 2024 será  lembrado pela tragédia de Mimoso do Sul e outros municípios do Sul do Estado. Um trauma, pelas perdas humanas e materiais, mas que deve servir de exemplo do que pode acontecer quando os alertas são ignorados. Os prefeitos que chegam agora aos 78 municípios capixabas têm que estar preparados para esse trabalho incessante.

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