Nem boxe, nem MMA: luta da bancada deve ser pelo bem do ES

Estado precisa que seus interesses sejam defendidos no Congresso, e não de parlamentares que usam a Casa de Leis para protagonizar brigas

Publicado em 01/07/2024 às 13h26
O senador Marcos do Val e o deputado federal Gilvan da Federal durante discussão em comissão no Senado
Marcos do Val e  Gilvan da Federal se envolveram em discussão em comissão no Senado. Crédito: Reprodução de vídeo

No momento em que o Espírito Santo precisa que seus interesses econômicos sejam defendidos no Congresso Nacional, dois parlamentares que integram a bancada capixaba trocaram o embate político por um comportamento vergonhoso. Ignorando as regras de decoro, bate-boca, troca de empurrões e ameaças foram registrados entre ambos.

A confusão entre o deputado federal Gilvan da Federal (PL) e o senador Marcos do Val (Podemos) teve vários capítulos ao longo do mês passado. No último deles, Gilvan usou a tribuna da Câmara dos Deputados não para defender uma proposta de lei ou um projeto em prol da população, mas para chamar Do Val para um ringue, para se digladiarem em uma luta de boxe, MMA ou vale-tudo.

Foi  mais um capítulo de uma sequência de desavenças públicas entre ambos. No dia 19 de junho, eles protagonizaram um bate-boca na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Na manhã seguinte, ao desembarcarem no Aeroporto de Vitória, houve troca de empurrões no saguão do terminal, diante de olhares perplexos.

Por meio de nota, Do Val afirmou ter reagido para defender sua integridade e citou que as agressões de Gilvan têm sido recorrentes no Congresso Nacional. “É evidente que eles planejam essas situações para se promoverem nas redes sociais”, apontou. O deputado, por sua vez, disse no Instagram que o senador “mexeu com o cara errado” e o chamou de “traidor” e “Swat da Shopee”, em referência ao grupo de elite da polícia norte-americana para o qual Do Val afirma ter dado treinamento. Depois, houve o “chamado para a briga” em plena tribuna da Câmara.

Comportamentos inadequados que se somam a outros no histórico dos dois. Do ano passado para cá, Gilvan já quase saiu no tapa com um deputado petista e também discutiu com o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), durante sessão na Câmara. Também bateu boca com o deputado Glauber Braga (Psol-RJ), em debate na Comissão de Segurança e Combate ao Crime Organizado. Em todos os episódios, foi preciso que assessores e outros parlamentares agissem para evitar agressões físicas.  Do Val, por sua vez, se envolveu em uma briga, em 2021, com o deputado federal Luís Miranda (DEM-DF). Os dois precisaram ser separados por outros parlamentares.

Os capixabas não precisam de (mais) exemplos de violência. Nada disso é edificante para o Espírito Santo. O que se espera de integrantes da bancada capixaba é que atuem em defesa das necessidades da população e de pautas que sejam importantes para o desenvolvimento, econômico e social, do Estado. Como a reforma tributária, cuja regulamentação deve ser votada nesta primeira quinzena de julho. Há pontos nesse projeto que precisam de atenção especial para os interesses econômicos capixabas. Trocas de ofensas e empurrões apenas envergonham e frustram quem espera que tribunas, corredores e comissões do Congresso sejam palcos para debates civilizados. A defesa republicana dos interesses do Espírito Santo é a “briga” que realmente importa para a população.

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