Notas mil na redação do Enem no ES são um fio de esperança

Entre novas e velhas propostas de reforma do ensino médio, é preciso buscar um consenso que foque não só na qualidade do ensino, com propostas didáticas mais próximas da realidade dos alunos, mas também na sua viabilidade de implementação

Publicado em 18/01/2024 às 01h00
Enem
Amanda Zampiris, estudante de Muqui que tirou nota mil na redação do Enem. Crédito: Divulgação

Se a educação é inquestionavelmente o maior desafio brasileiro — por enraizar todos os nossos grandes problemas estruturais, da insegurança pública à baixa competitividade — o ensino médio ocupa uma posição de destaque na lista de preocupações, por ser essa a etapa do ensino na qual os estímulos ao estudo podem começar a se dissipar.

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), como principal porta de entrada para o ensino superior, acaba funcionando como um bom termômetro da situação dos alunos que estão encerrando essa etapa. Os números do Ministério da Educação apontam que houve, na rede pública, um aumento da participação: em 2022, 38,1% dos estudantes que concluíram o ensino médio fizeram o exame, enquanto em 2023 o percentual subiu para 46,7%. Uma boa notícia, sobretudo após os duros anos de pandemia, mas o engajamento ainda é de menos da metade dos estudantes.

O cenário pode não ser o sonhado, mas é importante enxergar o copo meio cheio, para alimentar as nossas esperanças na educação que transforma vidas.

Foram mais de 2,7 milhões de participantes nesta edição. E o número de redações nota mil passou de 18, em 2022, para 60, em 2023. Ora, um crescimento expressivo demais para não ser celebrado, mesmo que dessas avaliações consideradas perfeitas, apenas quatro tenham sido da rede pública. E o Espírito Santo figura entre elas, ao lado de Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Tocantins.

Essa redação é a de Amanda Teixeira Zampiris, de 18 anos,  aluna da Escola Estadual Marcondes de Souza, em Muqui, que se dedicou bastante aos estudos. Para aprimorar a capacidade de escrita e argumentação, fez um cursinho preparatório voltado especificamente para redação.

A jovem, que não gostava muito dessa tarefa, conta que mudou de opinião quando recebeu a orientação adequada. A qualidade do ensino é sempre o que pode fazer a diferença, principalmente quando consegue motivar o aluno. Não é tarefa fácil, mas é possível. Ainda nos alimentamos das esperanças das exceções que se destacam, como Amanda. 

O Ministério da Educação criou o programa Pé de Meia, uma espécie de bolsa-poupança para incentivar  estudantes de baixa renda a concluir o ensino médio. 

Entre novas e velhas propostas de reforma do ensino médio, é preciso buscar um consenso que foque não só na qualidade do ensino, com propostas didáticas mais próximas da realidade dos alunos, mas também na sua viabilidade de implementação. Fato é que o país não pode mais esperar, precisamos de avanços concretos.

O rosto sorridente de Amanda, com sua nota mil, é um emblema de que os resultados do Enem podem ser melhores. 

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