A lição mais escancarada que se tira da necessidade de realizar uma reforma do Novo Ensino Médio, aprovado em 2017, é que um assunto tão sensível para o país não pode ser tratado às pressas.
E é nesse ponto que algo paradoxal surge: as deficiências educacionais não vão ser resolvidas com afobação, mas com agilidade, com dedicação e com prioridade. Pode não parecer, mas são maneiras distintas de se lidar com o tema que está na raiz da maior parte dos problemas brasileiros.
Na semana passada, a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do projeto que altera a reforma do ensino médio sancionada em 2017. Entre as principais mudanças, estão o aumento da carga horária das disciplinas obrigatórias, que foram ampliadas, e a redução da parte optativa do currículo. O chamado "itinerário formativo" (disciplinas escolhidas pelo aluno) ganhou uma definição mais específica. E os cursos técnicos foram flexibilizados.
A proposta segue para votação no Senado, ainda sem previsão. E é esse o ponto: para ser implementado no pais o quanto antes, essa é uma definição que não pode se alongar, sob o risco de mais jovens permanecerem nesse limbo educacional, justamente em uma fase definidora da própria vida.
Não se pode esquecer que, de 2017 para cá, tivemos uma pandemia no meio do caminho. A crise sanitária acentuou as carências de ensino, que ainda não foram recuperadas. Além disso, o ensino médio tem suas próprias cruzadas, como a redução drástica da evasão escolar no período.
Uma mudança que fortaleça as grades curriculares, com disciplinas mais atraentes para os novos tempos, mas sem perdas naquelas que são obrigatórias, é um importante passo para manter os alunos na escola. A maior integração à educação técnica e profissional também é bem-vinda. Muitos especialistas aprovaram as mudanças propostas nessa nova reforma.
O ensino médio tem também muito a avançar se houver paralelamente a ampliação de matrículas em tempo integral. Aumentar a jornada integral é inclusive uma meta prevista no Plano Nacional de Educação (PNE), que estabelece a oferta de “educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% dos(as) alunos(as) da educação básica”.
Tudo isso em meio a processos de revisão de currículos, atualização do corpo docente e escolha de material didático. A aprovação na Câmara foi um importante passo, mas há muito a ser feito. Não de forma apressada, que exija ainda mais revisões, mas com agilidade e eficiência, para colocar o ensino médio finalmente nos trilhos. São milhões de jovens em todo o país que esperam encontrar, na escola, um mar de possibilidades para o próprio futuro.
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