De janeiro a setembro deste ano, foram registrados 706 assassinatos no Espírito Santo. Apesar de assustador, o número é 2,9% menor do que o mesmo período do ano passado, quando houve 727 homicídios, como apontou o colunista Leonel Ximenes com base em dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp). É uma redução discreta, mas que merece ser destacada, em um cenário de enfrentamento diário à violência.
O quadro anual é positivo e, em agosto, o Estado registrou o menor número de homicídios desde 1996. Em uma análise mais aproximada dos números, porém, acende-se um alerta. O último mês trouxe um indicativo que merece atenção. Em setembro, houve 74 homicídios, o que representa um aumento de 12% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram contabilizadas 66 mortes violentas.
E a situação de alerta persiste nos primeiros dias de outubro. No último domingo (1º), foram registrados sete crimes contra a vida. Como o caso do frentista Leandro Assis Ferreira, de 28 anos, que morreu após levar cinco tiros nas costas, no meio da Avenida Eldes Scherrer Souza, em Laranjeiras, na Serra, depois de uma discussão no trânsito.
Também no domingo (1º), à noite, o motoboy e ex-soldado do Exército Brasileiro Charles Helmut Almeida Marques, de 21 anos, foi assassinado com um tiro na nuca, em Cariacica. O caso é investigado pela polícia como latrocínio (roubo seguido de morte).
Os números não mentem. Entre queda e aumento na taxa de homicídios, as estatísticas devem servir para balizar as estratégias de segurança pública. Por meio dos dados, é possível encontrar pistas sobre os caminhos mais eficazes a serem seguidos, a cada momento, na luta contra o crime.
Mas não dá para ignorar as histórias por trás de cada ato violento. Casos como os de Leandro e Charles expõem a banalidade como a morte é tratada por criminosos. Uma “fechada” no trânsito culminou em execução no meio de uma das avenidas mais movimentadas da Serra, deixando família e amigos em luto pela perda de forma tão cruel.
Já na segunda-feira (2), mais violência. Tiros, morte, protesto e ataque a ônibus marcaram o cotidiano dos moradores de Ilha da Conceição, Vila Velha. Na manhã seguinte, ônibus ainda não circularam na região, por orientação das autoridades de segurança.
Episódios como esses, que são apenas os mais recentes, exigem respostas das forças policiais, é óbvio, mas a solução não se esgota nelas. A segurança pública é prerrogativa dos Executivos estaduais. Mas não apenas o governo do Estado, com a necessária repressão e as indispensáveis ações sociais, deve agir para combater a violência. É preciso um esforço de cada instituição pública, cada espaço democrático, cada instância de poder. Diante da barbárie, a sociedade deve responder com todo seu arsenal de civilidade.
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