Quando o assunto é educação, o Brasil está sempre correndo atrás. Os anos perdidos da pandemia só acentuaram essa sensação: quando escolas foram fechadas por um motivo de força maior, as defasagens de aprendizado que já acompanhavam os alunos (sobretudo os da rede pública) se amplificaram. O processo educacional, com suas feridas abertas, teve perdas ainda mais significativas, com mais crianças e adolescentes fora da sala de aula.
Passados os anos mais graves da crise sanitária, o Censo Escolar 2023, divulgado pelo governo federal na semana passada, mostra uma disparidade no Espírito Santo: enquanto, nos últimos dez anos, o número de matrículas na rede pública segue em queda, a rede privada conseguiu retomar o patamar pré-pandemia.
Não foi só por aqui: em nível nacional, as escolas particulares também sentiram o impacto da crise sanitária: as matrículas em todo o país passaram de 9 milhões, em 2022, para 9,4 milhões em 2023. Afetadas pela pandemia, em 2021 elas atingiram o nível mais baixo, de 8,1 milhões de alunos.
O levantamento do Ministério da Educação mostra outros êxitos, como o aumento das matrículas na educação em tempo integral, no ensino médio, passando de 20,4% (2022) para 21,9% (2023) na rede pública e de 9,1% (2022) para 11% (2023) na rede privada.
Aumentar a jornada integral é uma meta prevista no Plano Nacional de Educação (PNE), que estabelece a oferta de “educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% dos(as) alunos(as) da educação básica”.
Contudo, ainda há um longo caminho a ser construído na educação básica. O ensino médio segue sendo o protagonista da evasão escolar no Brasil. O que exige uma mudança de trajetória. O Novo Ensino Médio começou a ser aplicado parcialmente em 2022 e foi suspenso no ano passsado, com perspectivas de novas mudanças. Um impasse que atrasa uma esperada revolução nesta etapa, que traga uma maior capacidade de reter os estudantes.
Não é exagero afirmar que a educação precária, que não consegue engajar os mais jovens, está no cerne das principais mazelas brasileiras. As deficiências educacionais prejudicam o desempenho econômico do país e acentuam as desigualdades sociais, beneficiando a criminalidade. Qualquer transformação nessa área passa por colocar a sala de aula como protagonista, com o conhecimento sendo a chave para as oportunidades.
Não basta ter mais crianças e adolescentes matriculados nas escolas, a educação precisa ser estimulante e mostrar resultados, na competição com outros caminhos considerados mais sedutores.
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