Os fundadores do ES em Ação foram agraciados com a mais alta honraria do governo estadual, a Comenda Jerônimo Monteiro no grau Grã-Cruz, concedida pelo governador Renato Casagrande na última terça-feira (9). Das mais merecidas homenagens às lideranças empresariais e políticas que, coletivamente, se organizaram para tirar o Espírito Santo do abismo institucional no qual se encontrava nos anos 90 até meados dos anos 2000. Quando tudo parecia perdido, essa mobilização histórica foi responsável por reerguer o Estado.
O Espírito Santo colhe os frutos da oxigenação institucional promovida por esse movimento até hoje. Conseguimos uma estabilidade político-institucional, colocando fim à desorganização fiscal. Com essa credibilidade, empresas passaram a procurar o Estado, a economia cresceu, os serviços públicos se aprimoraram, as oportunidades para a população aumentaram. Foi um momento de reconstrução do Espírito Santo, de realinhamento, com impacto até mesmo na queda contínua dos homicídios registrada ao longo das últimas décadas.
Mas a criminalidade ainda nos aflige. O tráfico de drogas ganhou dimensões empresariais, com ramificações por todo o país, e a guerra de facções por territórios na Grande Vitória em diversas ocasiões tem colocado a população como refém. No final de junho, os ecos dessa disputa novamente romperam o silêncio, desta vez nos arredores do Morro do Jaburu, em Vitória, assustando os moradores da região.
A reação do Espírito Santo contra a corrupção e o crime organizado, encorpada pelo ES em Ação, pode e deve servir de inspiração para uma nova mobilização neste momento delicado.
Mirar esse exemplo é o que pode fortalecer uma resposta organizada contra a criminalidade. Lideranças do Executivo, Legislativo e Judiciário precisam assumir as rédeas. Assim como o Ministério Público, que tem o dever constitucional da defesa da sociedade, como advogado do povo nas causas públicas, e foi crucial no passado e pode repetir esse papel.
A sociedade civil organizada deve se unir, com o envolvimento ecumênico, assim como do empresariado e da academia. Em meados dos anos 2000, foi essa união de forças por um bem maior que conseguiu tirar o Espírito Santo do terreno movediço da corrupção e do crime organizado.
A indignação que sentimos a cada novo tiroteio promovido por criminosos precisa se organizar para fazer a diferença. Ninguém aguenta mais a repetição desses episódios de violência, traficantes não podem dominar nenhum território. O Espírito Santo já conseguiu vencer o crime organizado que contaminava as instituições, recuperando a essência da democracia. É perfeitamente possível que consiga vencer também esse terror do tráfico.
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