A quarta onda da pandemia no Espírito Santo está repetindo o tsunami de casos provocados pela Ômicron ao redor do mundo e pelo Brasil, com sucessivos recordes diários de registros. E não é nem preciso conferir as estatísticas para ter a percepção de que o contágio tem sido avassalador, sendo difícil encontrar quem não conheça pelo menos uma dezena de pessoas no próprio círculo que tenha testado positivo nos últimos dias. Isso quando não é a própria pessoa a infectada.
Ao lado da população, desta vez, está a proteção vacinal. O Espírito Santo conseguiu promover a imunização de 100% dos idosos com a segunda dose e 81% deles com o reforço. Possivelmente, esses percentuais expressivos devem ter um impacto na redução de internações e mortes nesta nova onda. Não há informações ainda sobre uma possível quarta dose para esse público, mas é algo que deve estar no radar de especialistas e das autoridades públicas.
Os números mostram, contudo, que a cobertura ainda pode melhorar: segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), 1,3 milhão de pessoas ainda não se vacinaram ou apenas receberam a primeira dose, que não garante a proteção completa. E, com os estudos demonstrando que a efetividade das vacinas é maior com a terceira dose, também é preciso acelerar essa etapa da vacinação. Todos aqueles que tomaram a segunda dose há pelo menos quatro meses estão aptos a receber esse reforço, que neste momento é crucial para evitar os casos mais graves da Covid-19.
Se por um lado, até o momento, a maioria dos registros têm sido de casos mais leves ou até assintomáticos, por outro essa avalanche de contaminações, somadas à epidemia de gripe, tem provocado um afastamento da força de trabalho que já está afetando a atividade econômica. São funcionários que, doentes ou com testes positivos, não podem trabalhar. O sistema de saúde sente o impacto dos dois lados: a maior procura por pacientes e a perda temporária de recursos humanos. É uma situação grave, que pode provocar um colapso iminente. O governo estadual anunciou que ainda não estão previstas novas medidas restritivas.
Como forma de amenizar o impacto econômico, o Ministério da Saúde decidiu reduzir o tempo de isolamento de pacientes de Covid-19, seguindo o protocolo adotado recentemente pelos Estados Unidos com a mesma justificativa. A recomendação passou a ser de sete a dez dias para pessoas que apresentem sintomas e de cinco a sete dias para os assintomáticos, sendo necessária a testagem após o sétimo dia para o primeiro caso e após o quinto dia, no segundo. O isolamento continua caso o resultado dê positivo ou se os sintomas permanecerem. Não há consenso sobre essa decisão entre epidemiologistas e infectologistas.
Há um risco de descontrole, sobretudo no caso dos assintomáticos. Um teste positivo exige isolamento, mesmo que a pessoa não apresente sintomas, pois ela continua espalhando o vírus. E é preciso que testes estejam disponíveis para o rastreamento de contatos, com resultados em tempo hábil. O governo do Estado tem incentivado a testagem, com postos de atendimento por todo o Estado, mas nos últimos dias a espera por agendamento na plataforma tem sido de três dias. E os resultados estão sendo entregues em 72 horas. A pressão sobre o serviço cresceu por motivos óbvios, mas é um indicador de que o país poderia ter programas de disponibilização de testes rápidos para a população, tanto no sistema público quanto no privado. Testar sempre foi essencial. Agora é ainda mais.
Como já foi dito neste espaço, ainda não há razão para desespero, e as vacinas são o alicerce dessa maior segurança, mas há motivos de sobra para aumentar os cuidados. A imunização ainda não impede a contaminação, o que exige a manutenção dos comportamentos que ainda vão nos acompanhar por um bom tempo. O uso de máscaras eficientes, como as PFF2 e as cirúrgicas de 3 camadas, deve ser estimulado, inclusive o poder público deveria se engajar com mais veemência, promovendo a distribuição desses itens.
Evitar as aglomerações é também uma forma de escapar do tsunami da Ômicron. Atividades sociais que puderem ser descartadas, como festas em ambientes fechados e mesmo praias lotadas, vão reduzir as chances de um diagnóstico positivo para a Covid dias depois. Neste momento, o governo estadual precisa olhar para os casos em que as aglomerações não ocorrem por opção, como as que são inevitáveis para os trabalhadores no transporte público.
A Ômicron até agora tem sido branda nos sintomas, o que é uma vitória da vacina. Mas não deixará de trazer um rastro de prejuízos sanitários, até mesmo com mais mortes, e econômicos se nada for feito. O comportamento de cada um pode fazer a diferença.
Este vídeo pode te interessar
LEIA MAIS
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.