A chacina de Vila Valério, quando quatro pessoas da mesma família foram mortas em um sítio no dia 24 de fevereiro, fez explodir as estatísticas de homicídios no município do Noroeste do Estado. Dadas as devidas proporções, a localidade de Flor de Maio, na zona rural, tornou-se um hotspot, elencada como um dos bairros mais violentos do Espírito Santo no primeiro bimestre de 2022 em função de um brutal assassinato coletivo, felizmente uma ocorrência menos comum nos últimos anos na crônica policial capixaba. A cidade de 14 mil habitantes também havia registrado o homicídio de um empresário de 45 anos, na porta de um bar, no dia 4 do mesmo mês.
Por fim, as investigações levaram à prisão de um homem que assumiu a participação nos dois crimes. É importante que casos bárbaros como esses tenham sido solucionados. O que mostra que, se nas cidades mais populosas, existe uma dificuldade até mesmo de realizar buscas em regiões mais densamente povoadas e dominadas por facções criminosas, no interior esse trabalho é facilitado, basta engajamento investigativo. Na casa do suspeito, os policiais encontraram nove buchas de maconha prontas para venda, o que configura tráfico de drogas na proporção do consumo em uma cidade tão pequena.
A criminalidade no interior só se fortalece se houver espaço para tanto. Enquanto não há bairros conflagrados, as ações de segurança pública tem tudo para serem efetivas. Não se pode fazer vista grossa. Neste primeiro bimestre de 2022, à exceção da Região Metropolitana que teve aumento de 6% no número de homicídios, as demais regiões seguiram na direção oposta.
O Sul do Estado foi destaque na redução de mortes, com 72% de queda, sendo registradas sete mortes violentas no primeiro bimestre de 2022 contra 25 no ano passado. Significativo. Na região Norte, a redução foi de 25% nos assassinatos, com 20 mortes ocorridas em 2022 contra 30 no ano passado, enquanto no Noroeste houve um decréscimo de 9% e na região Serrana, queda de 18%. Um ritmo que precisa ser pelo menos mantido ao longo do ano.
Por mais que os números sejam favoráveis, não se pode perder o foco. Vila Valério é um município pequeno demais para registrar cinco homicídios em um único mês, crimes diretamente ligados a uma estrutura de tráfico que pode ter vínculos externos que precisam ser cortados. A cidade é só o exemplo mais recente, a regra vale para todos aqueles que passam por alguma onda de violência: as autoridades não podem permitir que o crime se estabeleça a ponto de criar raízes. O Estado precisa se fazer presente.
O aumento da criminalidade em cidades pequenas é um fenômeno que ocorre em todo o país, sobretudo com a busca de mercados para o consumo de entorpecentes, e a tarefa de conter esse avanço deve ser tão estratégica quanto as medidas adotadas nos grandes centros urbanos. Não se vence com amadorismo. A qualquer sinal de piora, o poder público deve estar pronto a iniciar uma reação para evitar danos maiores.
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