No feriado de 15 de novembro de 2022, um turista de Nanuque (MG) foi baleado, por volta das 7 da manhã, em uma tentativa de assalto na Praia da Costa, em Vila Velha. Na ocorrência, a vítima se assustou com os criminosos puxando o cordão que carregava no pescoço, quando houve o disparo. Era a primeira vez que ele e a esposa visitavam a cidade.
Exatamente um ano depois e não muito longe dali, mais uma cena de violência: um homem armado, circulando de bicicleta, fez pelo menos quatro vítimas no calçadão, sem deixar feridos, na Praia de Itaparica. Roubou cordões e uma aliança. "Na frente de todo mundo, às 7h no calçadão. A gente está muito assustado por conta dessa insegurança", desabafou uma das vítimas.
Apesar da coincidência das datas, não foi por acaso a repetição da violência: nos últimos tempos, as três principais praias da orla de Vila Velha vêm sendo cenários de assaltos. Neste domingo (19), com mais um ferido à bala.
Na ocasião, um empresário foi baleado durante uma tentativa de assalto na Praia de Itapuã, em meio à multidão de banhistas que aproveitava o dia ensolarado. Ele havia deixado a namorada na praia e voltou ao carro, do outro lado da avenida, porque havia esquecido o celular no veículo, quando foi abordado pelos assaltantes.
Sem falar que, em setembro passado, um metalúrgico de 44 anos foi atingido por uma bala perdida enquanto passava pelo calçadão da Praia de Itapuã numa tarde de domingo.
A sensação de insegurança na orla de Vila Velha é real e fundamentada por essas ocorrências. Nem mesmo em dias e horários movimentados os criminosos se inibem. E a proximidade do verão acende o alerta. Na ocorrência de domingo passado, o inspetor Anderson Salomão, da Guarda Municipal, que atuou no caso, afirmou que a onda de calor provocou reforço na atuação dos agentes antes mesmo do início da Operação Verão.
Tanto a Guarda Municipal quanto a Polícia Militar afirmam recorrer a análises do mapa do crime, que indicam os locais com maior incidência de ocorrências, como estratégia de atuação. Por isso, é tão importante que esses crimes sejam notificados. Mas é necessário também que se entenda a razão de a orla de Vila Velha estar tão visada, talvez pela facilidade das rotas de fuga. Os objetos roubados são principalmente cordões, correntes e anéis/alianças.
O pedido por mais segurança nas praias jamais pode se confundir com discriminação social: o calçadão, a areia e o mar são um ambiente no qual todas as pessoas têm o direito de estar. Mas é indiscutível que, com os frequentadores diante de tanta vulnerabilidade, a praia acabe deixando de ser um lazer despreocupado, enquanto os criminosos passeiam.
LEIA MAIS EDITORIAIS
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.