A vacinação contra a Covid-19 no Espírito Santo já atinge a faixa etária acima dos 45 anos em alguns municípios. A ampliação dos grupos imunizados é uma excelente notícia para a esperada consolidação da cobertura vacinal da população capixaba. Até esta segunda-feira (14), 1.225.019 pessoas receberam a primeira dose no Estado, e 458.332 completaram o ciclo com o reforço. Mas esses dados ainda não são suficientes para abolir o uso de máscaras entre os vacinados com segurança.
Como apontam os níveis de eficácia dos imunizantes disponíveis no Brasil, não existe vacina que impeça o contágio em 100%: portanto, quem já recebeu uma ou duas doses está mais protegido, com risco atenuado quase totalmente de desenvolver casos mais graves da Covid-19, mas ainda pode se contaminar e transmitir o vírus. O risco é sobretudo maior para quem ainda não se vacinou, e a circulação do vírus pode colocar em xeque o próprio esforço de imunização e abrir frente para uma quarta onda no Estado. Além de ampliar as chances de surgimento de novas variantes.
Na última quinta-feira (10), o presidente Jair Bolsonaro informou ter pedido ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, um estudo para desobrigar o uso do protetor facial por pessoas já vacinadas ou que já tenham contraído a Covid-19. Especialistas na gestão da pandemia se mobilizaram para criticar essa afobação, apontando que a média móvel de mortes no Brasil está em 1,9 mil óbitos por dia, e apenas 11% da população do país recebeu as duas doses. Não há ambiente propício para extinguir a exigência das máscaras, tampouco do distanciamento social. Somadas à vacinação, essas duas medidas são o tripé da proteção contra a Covid-19. E não podem ser dissociadas.
E como fica a economia, nesse cenário de cautela ainda a longo prazo? É justamente o combo vacina + máscara + distanciamento que será capaz de evitar novas ondas da doença que exijam o fechamento do comércio e a restrição da circulação de pessoas. Mais uma vez, é o comportamento individual que vai ditar o futuro da pandemia no Espírito Santo e no Brasil.
A atividade econômica depende dessa nova postura social, que já deveria estar arraigada nas pessoas quase um ano e meio depois do início da crise sanitária no país. Para evitar o colapso no sistema de saúde e a necessidade de novas quarentenas, que tantos prejuízos trazem às pessoas, não tire a máscara do rosto nem se aglomere. Mesmo que já tenha recebido a vacina no braço.
O Reino Unido é um exemplo de como os cenários mudam em questão de semanas. O país já possui mais da metade da população com a vacinação completa e se preparava para a abertura total da economia em 21 de junho. Mas a disseminação da variante indiana no território está provocando um recuo, após a explosão do número de casos em uma semana, com crescimento de 90%. O Brasil é um dos 75 países nos quais essa variante já foi registrada, mais contagiosa e mais resistente às vacinas. Os casos tendem a evoluir com mais gravidade.
No Espírito Santo, não há registro dessa variante até o momento, o que não muda em nada os protocolos pessoais de prevenção. Nesta segunda-feira (14), o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, afirmou que se testemunha a consolidação da recuperação da 3ª fase de expansão da pandemia, com somente 13 dos 78 municípios com aumento da média móvel da curva de casos e a estabilização no número de internações. "No entanto, não estamos livres de viver novas etapas da pandemia. Se o aumento da exposição continuar, é possível que ainda tenhamos muitas pessoas contaminadas. Enquanto não alcançarmos 80% da população vacinada, não podemos flexibilizar medidas como, por exemplo, o uso de máscaras. Ainda não vencemos a pandemia."
A máscara não é um símbolo de fraqueza ou vulnerabilidade. Pelo contrário, ela representa a força, é o emblema de um pacto social contra essa doença imprevisível. Durante algum tempo, não será um acessório dispensável, sobretudo em ambientes fechados, onde também devem ser seguidas regras de distanciamento. Lamentavelmente, as imagens recorrentes de aglomerações em festas nos finais de semana mostram que nem todos conseguem compreender essa necessidade. É a disciplina de cada um que vai impedir que novas ondas tão avassaladoras quanto a última se repitam.
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