Em condições normais, a população da Grande Vitória já sofre com as agruras diárias do sistema de transporte público. Em um contexto de pandemia e um dia após um temporal que alagou diversos pontos das cidades, o tormento é ainda maior. Mas na manhã desta segunda-feira (8), os passageiros acordaram com mais um duro golpe, com a paralisação dos ônibus dos sistemas municipal de Vitória e do Transcol, que atende à Região Metropolitana.
A manifestação deflagrada pelos rodoviários, com bloqueio de garagens, impôs um duplo sofrimento aos usuários, com registros de longa espera nos pontos e superlotação em coletivos. Por um lado, há o transtorno de quem, pego de surpresa, não conseguiu chegar a consultas médicas, ao trabalho, aos compromissos inadiáveis. Por outro, o risco altíssimo de contaminação por aqueles que precisaram enfrentar as aglomerações nos ônibus.
O Sindirodoviários protesta contra a retirada dos cobradores de dentro dos coletivos, afastados de suas funções pelo governo do Estado desde maio de 2020 em decorrência da pandemia. A decisão é válida enquanto durar o estado de calamidade, como forma de proteger os trabalhadores. Há amparo em lei para movimentos grevistas. Mas a manifestação desta segunda-feira é cruel e inoportuna. É indevida porque, ao contrário de outros setores econômicos, em que houve demissões em massa, os rodoviários contam com estabilidade assegurada e, mesmo aqueles afastados, seguem recebendo seus salários normalmente.
E é maldosa com a população porque, na Capital, por exemplo, raríssimos veículos do sistema municipal foram vistos nas ruas. Em meio a uma crise sanitária, quando os números indicam agravamento, não há razoabilidade alguma na atitude de rodoviários que colocam a população sob mais riscos de contágio, sobretudo com queixas a medida que visa justamente a proteger a categoria.
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