O distanciamento social continua na ordem do dia, com governantes mantendo com seriedade determinações mais drásticas para controlar o contágio do novo coronavírus. O comércio permanece fechado, e até mesmo os serviços essenciais que têm permissão para atuar, como os estabelecimentos do setor supermercadista, estão com regras mais rígidas para o funcionamento, com a limitação de entrada de clientes. Com tantas restrições, era de se esperar que os atendimentos que envolvem o serviço público também seguissem as recomendações preconizadas pelas autoridades, mas o que tem sido testemunhado em todo o país e no Espírito Santo é um descuido quase sistêmico.
As longas filas nas agências da Farmácia Cidadã são exemplos dessa falta de organização, sem que haja qualquer controle do distanciamento exigido para garantir a segurança dos usuários. Os locais costumam ser frequentados por idosos e pacientes crônicos, em busca de medicação. Acentua-se o perigo para a saúde já fragilizada. Em março, quando o governo estadual começou a impor as medidas restritivas em função da pandemia, foi anunciado que o atendimento seria feito exclusivamente por agendamento. Alguma coisa deu errado, e é preciso investigar em qual fase do processo há falhas.
A corrida pelo auxílio emergencial de R$ 600, que vai garantir a sobrevivência de quem ficou sem renda com a paralisação da atividade econômica, também tem provocado aglomerações. Em municípios do Norte do Estado, como Linhares e São Mateus, filas colossais foram registradas na semana passada. As autoridades ainda pecam, sem conseguir oferecer uma estratégia que faça o dinheiro chegar ao bolso do trabalhador sem colocar a sua saúde em risco.
O transporte público também tem sido uma dor de cabeça, mesmo que, oficialmente, a redução da frota tenha acompanhado a redução da demanda. O governo estadual prorrogou até 17 de maio as medidas de proteção no Sistema Transcol, como a retirada de ônibus com ar-condicionado de circulação, mas sem mencionar a limitação no número de passageiros. Ao menos, garantiu que será feita a distribuição de um milhão de máscaras aos usuários. A superlotação, que é um problema crônico no sistema de transporte, com a pandemia passou a colocar a saúde dos usuários em risco, mesmo com as devidas medidas de higienização.
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A cautela que está sendo exigida da iniciativa privada deve ter espelho no poder público. O exemplo deve vir sempre de cima, de quem detém o poder decisório. Quando a lei que impera é a do "faça o que eu digo, não faça o que eu faço", seja qual for a esfera pública, fica mais difícil conseguir o engajamento da sociedade para essa batalha. O compromisso com o distanciamento social deve ser de todos.
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