A expressão "novo normal" foi tão massacrante no início da pandemia que não demorou a sofrer rejeição por ter se tornado um clichê. Com o tempo, o maior conhecimento sobre a doença, resultado de um esforço descomunal de cientistas e estudiosos de todo o planeta, foi mostrando que as mudanças de comportamento, tanto no nível das relações sociais quanto na adoção de protocolos sanitários, seriam menos radicais do que as vislumbradas naquela primeira fase.
Com o anúncio do reforço vacinal para a população adulta feito pelo Ministério da Saúde, descortina-se uma nova rotina que poderá se impor às pessoas: a regularidade da imunização contra a Covid-19. A dose adicional será aplicada nas pessoas que tomaram a D2 há cinco meses, e o Espírito Santo já anunciou que vai dar início a essa etapa de imunização nesta sexta-feira (19), ao mesmo tempo que vai reduzir o intervalo da dose de reforço dos idosos para dois meses.
É um empreendimento para garantir a proteção pessoal mais duradoura e consequentemente uma cobertura vacinal robusta que permita a manutenção das atividades sociais e econômicas. E, acima de tudo, salve vidas.
A adoção de doses complementares não desvaloriza as vacinas, mas dá a elas mais eficiência no médio prazo. Foram as pesquisas em escala global que forneceram os dados que embasam a necessidade do reforço, lembrando sempre que o desenvolvimento dos imunizantes precisou ser acelerado para conseguir formar essa trincheira cuja proteção é indiscutível. Basta ver o status da pandemia no Brasil e no Espírito Santo: são as vacinas que estão derrubando as internações e as mortes. Se a normalidade na vida social está cada vez mais próxima, a adesão à vacinação é a responsável por esse avanço.
Nesse contexto, já há a expectativa para a mudança de status epidemiológico em 2022, quando a Covid-19 deve se tornar endêmica, segundo especialistas. Trocando em miúdos, uma doença com a qual a população terá de conviver, com a possibilidade de surtos ocasionais, como a dengue. Quanto maior o percentual de população vacinada, mais perto estarão os países de sair da pandemia.
Contudo, os Estados Unidos e algumas nações europeias ainda enfrentam resistências de grupos que se recusam a vacinar. No Brasil, esses focos que, por ideologia ou ignorância, não se vacinam também são um desafio, mesmo que tradicionalmente a população brasileira seja conhecida por seu engajamento.
Não há ainda um calendário de vacinação contra a Covid, como há para a gripe, que é anual, mas já há entendimentos nesse sentido. Estudos ainda estão sendo feitos para estabelecer as necessidades, e para os cidadãos o compasso permanece sendo o de espera. As respostas da ciência têm seu tempo, sem antecipações. As informações sobre novas doses devem ser divulgadas com a devida transparência, em tempo hábil, e o governo federal deve ter em mente que a aquisição de vacinas deverá ser um ponto permanente na gestão da saúde pública.
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Com organização gerencial, dados científicos e mobilização popular, será possível ter um maior controle sobre essa doença que conseguiu desestabilizar o mundo.
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