Por que se escondem tanto do povo, excelentíssimos deputados e vereadores?

Foram tantas notícias recentes relacionadas à falta de transparência na Assembleia e em câmaras de vereadores que a pergunta não quer (nem pode) calar

Publicado em 12/05/2023 às 01h01
Carro
Assembleia Legislativa do Espírito Santo aluga 31 carros por R$ 3,9 milhões para deputados. Crédito: Ricardo Medeiros

Dos carros oficiais sem identificação à votação camuflada do tíquete-alimentação de R$ 1,8 mil, a Assembleia Legislativa está bem acompanhada dos legislativos municipais quando o assunto é se esconder da população. Os exemplos desta semana foram, desculpem a redudância, nada exemplares.

Nesta terça-feira, a Câmara da Serra também aprovou de forma sorrateira e sem a devida transparência o aumento de 92% nos salários dos vereadores a partir de 2025. Não houve transmissão ao vivo, a sessão – que durou seis minutos e 55 segundos! –   só foi publicada no canal do YouTube aproximadamente cinco horas após a realização. Não houve qualquer discussão, e o texto foi aprovado por 12  a 9.

Uma situação que traz à memória a sessão que aumentou o número de vereadores, em dezembro, dos atuais 23 para 25.  No primeiro turno de votação, a Câmara havia feito uma anacrônica exigência à TV Gazeta para divulgar os votos de cada vereador: com um pedido escrito à mão e entregue presencialmente na sede do órgão. Os votos só foram divulgados no site dois dias depois, após muita cobrança.

Na votação do segundo turno, mesmo com a nota recomendatória do Ministério Público  requerendo que os atos fossem publicados em tempo real e de forma aberta, a lista com o votos dos vereadores só foi enviada à imprensa cinco horas depois da sessão. O MP também já se manifestou sobre a falta de transparência da Câmara da Serra sobre os gastos dos servidores. Como se vê, os cidadãos da Serra estão já algum tempo vendados sobre as decisões do seu legislativo.

Já na Câmara de Vila Velha, um projeto de emenda à lei orgânica foi protocolado no site da Casa somente com a capa. Quem na última quarta-feira (10) quisesse descobrir do que se trata deveria bancar o detetive.   Tudo leva a crer que tenha a ver com o número de vereadores, já que as poucas linhas trazem os dizeres: "Dá nova redação ao artigo 7º da Lei Orgânica Municipal". Tal artigo estabelece que "o número de vereadores será proporcional à população do município, sendo fixado pela Câmara Municipal antes de cada legislatura, observados os limites constitucionais". Ou seja, vem bomba por aí, seguindo os passos da Câmara de Vitória na semana passada.

Enquanto isso, na Assembleia, um deputado que rejeitou o bafômetro enquanto fazia uso do carro oficial acaba levantando o debate sobre esse benefício. Até o abastecimento desses automóveis é feito com dinheiro público, e não há qualquer identificação dos veículos com a justificativa de salvaguardar a segurança dos parlamentares. 

Todos os exemplos mostram representantes eleitos pelo povo brincando de esconde-esconde com quem os alçou à atual posição. Tentam omitir seus erros, disfarçar os rastros no trato com o dinheiro público.  Ainda não entendem que prestar contas à população não é um favor que fazem.

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