Grandes poderes estão nas mãos de prefeitos e vereadores eleitos nos pleitos municipais deste domingo (15), e com eles grandes responsabilidades. A máxima que se popularizou nos quadrinhos do Homem-Aranha, e vale também para os candidatos que ainda se enfrentarão no segundo turno, é oportuna diante dos desafios que já se impõem às cidades. Somando-se aos problemas crônicos e particulares nas zeladorias municipais, a pandemia continuará exigindo de gestores e legisladores um olhar cuidadoso que se reflita em ações eficientes, sem perda de tempo.
Nos executivos ou nos legislativos dos municípios, cada um dos escolhidos pelos eleitores deverá ser ainda mais cobrado, um exercício de cidadania que precisa ser mais praticado, com caminhos institucionais para tanto. Os eleitos deste domingo só chegaram até aqui porque uma parcela considerável da população depositou sua confiança nas urnas, em nomes deles.
As projeções realistas de que a crise sanitária, e a consequente diminuição da atividade econômica que já arrasta o país, vai impulsionar uma corrida da população, empobrecida, aos serviços públicos não pode ser desprezada. Foi assim em 2015, com a recessão que provocou desemprego galopante, da qual o país não se recuperou integralmente antes de ser solapado pela pandemia. É nas cidades que as crises se concretizam, com a precarização dos atendimentos essenciais, como saúde e educação. Com arrecadação em queda, prefeitos terão dificuldades de fazer entregas que são atribuições municipais.
Mesmo assim, não podem se desapegar da responsabilidade fiscal. Como? Elegendo prioridades, mesmo que elas pareçam salomônicas. Não cedendo ao populismo de obras e projetos obsoletos. Planejando financeiramente a gestão e buscando novas receitas, sobretudo com a atração de investimentos. E encarando o peso da máquina pública como o maior problema a ser combatido. São posturas indissociáveis da cartilha da administração pública em um contexto no qual há tantas demandas (educação básica, saúde, transporte e segurança) de um lado e cofres vazios do outro.
Os novos administradores citadinos também devem ter postura republicana, com a compreensão do papel da política como caminho para a formação de consensos. Princípio que vale para prefeitos das mais recônditas cidades aos líderes dos centros metropolitanos. Valores como a transparência também são prezados, não somente dos gastos públicos, mas dos atos da administração. O que deve se refletir também em um relacionamento franco e aberto com a imprensa.
Cada município, uma realidade. Não se faz justiça ao se medir todas as cidades com a mesma régua, principalmente quando se sabe que tantos municípios ainda estão atolados, sobrevivendo sem atividade econômica e na dependência das suas administrações públicas. Cidades que simplesmente não geram riquezas.
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Os "grandes poderes" podem não ser tão expressivos assim, mas é possível começar a mudar essa realidade, com racionalidade administrativa e fiscal. Um bom gestor público é aquele capaz de fazer a diferença mesmo sem grandes fontes de recursos. E isso é uma das maiores responsabilidades.
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