A entrada estratégica do poder estatal, em todos os níveis de cidadania, é a garantia de dias menos violentos nos bairros em que o tráfico se faz presente. Essa é a regra do jogo, básica, conhecida por todos. E, quando se fala da presença policial, tanto quanto a manutenção da lei e da ordem, importante também é o fortalecimento de laços com a comunidade.
Em sua coluna, Vilmara Fernandes informou que o governo estadual está preparando um projeto a ser encaminhado à Assembleia para a criação de uma nova companhia para atuar em Vitória na Região do Bairro da Penha, também conhecida como Território do Bem.
Ora, a própria PM reconhece o tamanho do desafio encontrado na região. Em um plano de ação para reduzir os índices de violência no Estado, ficou colocado que, no ano passado, 45% dos confrontos com a polícia no município de Vitória ocorreram na área que abrange os bairros da Penha, Bonfim, São Benedito, Consolação, Gurigica, Itararé e as comunidades do Jaburu, Engenharia e Floresta. Uma região que é um barril de pólvora. Itararé, inclusive, é o bairro campeão de homicídios no Estado neste ano.
Enquanto as instâncias de poder deliberam sobre tal projeto, que pode sim se mostrar eficiente com a adoção de um policiamento comunitário, é preciso fazer as ponderações já conhecidas: a estratégia precisa ser pensada para além da atuação das forças de segurança na região.
Inclusive, em 2020, a Polícia Militar ocupou de forma massiva o Bairro da Penha durante uma crise de segurança. Os ânimos podem ter sido controlados, mas como se vê, quatro anos depois, o problema da criminalidade no local está longe de ser resolvido.
O choque de ordem é necessário quando o caos se instala, mas apenas enfrenta a última consequência de uma cadeia de privações sociais e econômicas, da carência de infraestrutura à precariedade de serviços públicos. E, sobretudo, é mandatória uma postura humanizada, a população desses bairros não pode ser tratada como criminosa: são pessoas que trabalham, têm família e amigos, batalham dia após dia por uma vida melhor. Muitas vezes, acabam reféns de uma criminalidade que se impõe pela violência. E essa nova companhia pode ajudar a reverter isso.
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