Presença fixa da PM em área de tráfico no ES pode mudar realidade

Projeto de lei do governo estadual cria nova companhia  em Vitória na  Região do Bairro da Penha, também conhecida como Território do Bem, como estratégia para combater a criminalidade

Publicado em 05/11/2024 às 01h00
Vitória
Bairros da Penha, Bonfim e São Benedito. Crédito: Fernando Madeira

A entrada estratégica do poder estatal, em todos os níveis de cidadania, é a garantia de dias menos violentos nos bairros em que o tráfico se faz presente. Essa é a regra do jogo, básica, conhecida por todos. E, quando se fala da presença policial, tanto quanto a manutenção da lei e da ordem, importante também é o fortalecimento de laços com a comunidade. 

Em sua coluna, Vilmara Fernandes informou que o governo estadual está preparando um projeto a ser encaminhado à Assembleia para a criação de uma nova companhia para atuar em Vitória na Região do Bairro da Penha, também conhecida como Território do Bem

Ora, a própria PM reconhece o tamanho do desafio encontrado na região. Em um plano de ação para reduzir os índices de violência no Estado, ficou colocado que, no ano passado, 45% dos confrontos com a polícia no município de Vitória ocorreram na área que abrange os  bairros da Penha, Bonfim, São Benedito, Consolação, Gurigica, Itararé e as comunidades do Jaburu, Engenharia e Floresta. Uma região que é um barril de pólvora.  Itararé, inclusive, é o bairro campeão de homicídios no Estado neste ano.

Enquanto as instâncias de poder deliberam sobre tal projeto, que pode sim se mostrar eficiente com a adoção de um policiamento comunitário, é preciso fazer as ponderações já conhecidas: a estratégia precisa ser pensada para além da atuação das forças de segurança na região.

Inclusive, em 2020, a Polícia Militar ocupou de forma massiva o Bairro da Penha durante uma crise de segurança. Os ânimos podem ter sido controlados, mas como se vê, quatro anos depois, o problema da criminalidade no local está longe de ser resolvido.

O choque de ordem é necessário quando o caos se instala, mas apenas enfrenta a última consequência de uma cadeia de privações sociais e econômicas, da carência de infraestrutura à precariedade de serviços públicos. E, sobretudo, é mandatória uma postura humanizada,  a população desses bairros não pode ser tratada como criminosa: são pessoas que trabalham, têm família e amigos, batalham dia após dia por uma vida melhor. Muitas vezes, acabam reféns de uma criminalidade que se impõe pela violência. E essa nova companhia pode ajudar a reverter isso.

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