O temporal que desabou sobre a Grande Vitória no dia 30, o último sábado de março, mais uma vez provocou transtornos, com alagamentos nas cidades. Vitória foi uma das que mais sofreu os impactos da chuvarada, com a água tomando conta tanto de pontos historicamente vulneráveis, mas que tiveram sensível melhora nos últimos anos, como a região da Av. Cesar Hilal, quanto de outros em que os alagamentos eram menos comuns, mas vêm se repetindo, como a Avenida Américo Buaiz.
As informações sobre o volume pluviométrico na Capital, de acordo com a Defesa Civil municipal, foi de que a chuva atingiu 107 milímetros – acima do indicado nas medições do Incaper (60,1 mm) e da Defesa Civil Estadual (64,45 mm). O secretário da Central de Serviços de Vitória, Leonardo Amorim, afirmou que a precipitação foi equivalente ao que era esperado para um período de 30 a 40 dias.
Já Vila Velha, naquele sábado, marcou 27mm, segundo os dados do Incaper. E Cariacica, que também registrou muitos alagamentos, 67,3 mm.
É incontestável que choveu muito em um intervalo curto. Assim como são conhecidas as características geográficas e geológicas da Ilha de Vitória desde que se intensificou o processo de urbanização que ocupou toda a sua extensão, no século passado. O secretário, em entrevista à Gazeta, afirmou:
“Vitória é uma ilha, cercada pelo mar e, mesmo tendo bombas, galerias, quando você tem um momento de chuva forte, combinada à maré alta, você tem essa situação. É algo que acontece pela característica da cidade, que tem uma influência direta do nível do mar, assim como outros municípios vizinhos."
O trabalho de proteção das áreas urbanas é inglório, porque ele não tem fim. E é isso que os gestores municipais precisam ter em mente, nunca é um trabalho terminado, ele não tem hora para acabar.
Como já foi dito e redito, os eventos climáticos extremos já são o novo normal. Se os sistemas de drenagem da cidade funcionam, mas não suportam volumes maiores de chuva, é preciso começar a trabalhar para que se tornem mais eficientes. Principalmente diante das mudanças na ocupação urbana. Vitória, por exemplo, é uma cidade repleta de aterros.
O reservatório do Horto de Maruípe, em Vitória, não suportou a quantidade de chuva. Os alagamentos na região chamaram atenção. O que já é uma sinalização da necessidade de aprimoramento.
É, portanto, um trabalho que não pode parar. Os especialistas ouvidos pela reportagem reforçam que, além das obras estruturais, não pode faltar um olhar para a própria ocupação de áreas de risco, além da impermeabilização provocada pelos asfaltamentos. Mais áreas verdes são fundamentais. Há muito a ser feito, continuamente. Sem parar.
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