A prisão da quadrilha do Pix em Jardim da Penha na última sexta-feira (6) enquanto uma médica era feita refém em seu próprio carro em uma das avenidas mais movimentadas de Vitória, a Dante Michelini, foi um desfecho cinematográfico para a ação de criminosos que nos últimos meses aterrorizaram os moradores e quem transita pelo bairro. As mulheres, principalmente.
Mas, nesta terça-feira (11), as informações passadas pelo delegado Gabriel Monteiro mostraram que não necessariamente tenha sido o fim desse filme policial. Os sequestros-relâmpagos, com as transferências forçadas de Pix que se concentraram em Jardim da Penha desde outubro, também foram praticados por uma segunda quadrilha, atualmente na mira da Polícia Civil. Até a sexta-feira o público não sabia, mas não se tratava de um filme e sim de uma série. Com gancho para a segunda temporada que, espera-se, tenha bem menos ação.
Seria até mesmo ingenuidade confiar que, ao retirar esse primeiro grupo criminoso de circulação, esse tipo de crime deixaria de ocorrer num passe de mágica. Por um tempo, talvez. É indiscutível que a repressão contribui para inibir a incidência desses crimes que ganharam tamanha repercussão.
Os membros da quadrilha foram presos e assim permanecerão, por decisão da Justiça. É essa demonstração de que não há espaço para a impunidade que pode fazer com que bandidos desistam de investir esforços nesse tipo de crime de oportunidade.
Como se vê, a existência de uma segunda quadrilha leva a crer que os criminosos encontraram no sequestro com Pix em Jardim da Penha um nicho lucrativo, dominando um bairro famoso por seus labirintos, que colocam em vantagem quem tem conhecimento de boas rotas de fuga. E adotando a estratégia covarde de escolher prioritariamente mulheres como vítimas.
Pouco após a operação que levou a primeira quadrilha para a cadeia, três homens não se sentiram acuados e resolveram sair em arrastão pelo mesmo bairro, fazendo três mulheres vítimas pelas ruas. Foram presos, mas a ocorrência deixou ainda mais evidente que a vulnerabilidade de Jardim da Penha não tem solução simples. Policiamento ostensivo e rondas são importantes nesse momento em que o bairro está visado.
É importante que essa segunda temporada se resolva nos primeiros episódios, com a prisão o quanto antes dos seis integrantes do grupo investigado pela Polícia Civil. Mas, sobretudo, que as autoridades de segurança pública consigam tirar de Jardim da Penha o estigma de bairro do sequestro com Pix, reduzindo suas vulnerabilidades. E de maneira alguma transferindo esse título para outro bairro ou cidade.
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