Dois anos de Bolsonaro em Brasília, e o Programa Nacional de Desestatização (PND) caminhou a passos lentos, quase imperceptíveis. Mas a Codesa tem se mantido como uma das protagonistas no encaminhamento das privatizações desde a sua inclusão oficial no programa, em 2019. Com o martelo batido, o leilão para privatizar a empresa e conceder as atividades dos portos de Vitória e de Barra do Riacho para a iniciativa privada será realizado em novembro, e a expectativa é de que o processo enfim deslanche. Já não era sem tempo.
Na última quinta-feira (04), foi realizada a primeira audiência pública promovida pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) com o objetivo de abrir o diálogo com a sociedade sobre a concessão dos complexos portuários no período de 35 anos. De caráter propositivo, a reunião durou mais de seis horas.
Os valores que o governo espera arrecadar com a venda da Codesa só serão apresentados em uma segunda audiência, programada para março, já que esses números estão sendo atualizados com os resultados de 2020, um ano histórico para a companhia docas: após três anos consecutivos de prejuízos, acumulados em torno de R$ 58 milhões, a empresa encerrou o ano passado com um lucro de aproximadamente de R$ 30 milhões, o maior superávit da sua história.
A chegada de Julio Castiglioni, em março de 2019, à direção da empresa, teve a incumbência estratégica de prepará-la para a venda. A começar com uma mudança radical na cultura político-empresarial. Saiu a influência política impregnada na estatal, entrou a gestão com independência. Os bons resultados se concretizaram para valorizar a empresa no mercado. E, com a venda, a perspectiva é de um futuro ainda mais lucrativo. Projeções de um estudo econômico feito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apontam que as receitas devem quadruplicar em 35 anos.
Com o fim da estatal, a economia para os cofres públicos também virá com a redução de gastos com recursos humanos que podem ser considerados privilégios, principalmente quando comparados com a iniciativa privada. O Ministério da Economia divulgou na segunda-feira (1) um relatório com os benefícios concedidos aos funcionários das 46 empresas sob controle direto da União, entre elas a Codesa. Os auxílios pagos aos funcionários da estatal incluem desde o pagamento de metade do salário como adicional de férias até um auxílio-babá no valor de R$ 740,16 ao mês.
A privatização da Codesa também tem importância estratégica. Uma nova forma de gestão dos portos se faz necessária, não só no Espírito Santo. A qualidade do serviço no setor está diretamente ligada à produtividade, com investimentos sendo constantemente exigidos também para aumentar a competitividade. As melhores expectativas são da entrada de capital externo, o que tem potencial de modernizar a gestão portuária capixaba. Os portos devem receber investimentos de mais de R$ 1,6 bilhão ao longo do contrato.
A transferência para o controle privado vai melhorar a estrutura portuária, ampliando investimentos superdimensionados para a gestão pública. O mesmo vale para as demais empresas na fila de privatização, que precisa andar. Espera-se agilidade nos trâmites durante o ano, para que em novembro de fato se celebre essa mudança histórica para o Espírito Santo.
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