Quando a presidente estadual do PT, Jackeline Rocha, afirma que o "partido não inventou a corrupção", trata-se de uma obviedade. É evidente que o PT não inventou o aparelhamento estatal e os desvios de recursos públicos, algo entranhado na política desde a formação deste país a ponto de ter se tornado um aspecto da sua identidade.
Mas o PT não pode se esquivar do também óbvio fato de que o partido, ao chegar ao poder, beneficiou-se de maneira sistemática dessa estrutura viciada. O mensalão e o petrolão não foram ilusão de ótica coletiva, em ambos os escândalos houve condenações que apontaram, no primeiro caso, a compra de apoio do Congresso e, no segundo, as danosas relações com o poder econômico para drenar dinheiro da Petrobras.
O discurso, repetido pelas autoridades partidárias, de que o PT não inventou nem é a única sigla a cometer atos de corrupção não resolve o problema que os petistas não conseguem encarar. A imagem do partido, mesmo que as condenações de Lula na Lava Jato de Curitiba tenham sido anuladas pelo STF, segue manchada.
O PT, que cresceu desde a sua fundação por pregar a ética na política, precisa de um mea culpa. Os erros existiram, ignorá-los é subestimar os próprios eleitores. O partido precisa se posicionar sobre seu desvirtuamento no poder e falar abertamente sobre corrupção.
O PT ainda precisa se explicar para a sociedade. Há toda uma agenda programática que olha para o futuro, a filiação recente do senador Fabiano Contarato é o retrato desse movimento de reorganização e de articulação visto bem de perto pelos capixabas. Como um partido que levou dois presidentes ao Palácio do Planalto, o PT tem um papel importante na democracia brasileira e precisa ser passado a limpo, de dentro para fora.
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