Os anos 90 foram prósperos em programas infantojuvenis que aproximavam crianças e adolescentes das explicações científicas, com direito a muitos experimentos divertidos. Um dos memóraveis é "O Mundo de Beakman", produção norte-americana exibida no Brasil pela TV Cultura. Hoje, bem diferente daquela época, basta um celular na mão para ter acesso a respostas para quase toda indagação, mas no geral passamos grande parte do tempo diante das telas afogados em informações irrelevantes.
Por isso, iniciativas como a do Ifes Cachoeiro merecem ser celebradas. No perfil Ifes Ciência, no Instagram, um vídeo que mostra a estudante de Mecânica Gabriele Pareas serrando um copo Stanley ao meio para mostrar como ele consegue manter a temperatura das bebidas acabou viralizando, dada a dimensão dessa dúvida não só entre os mais jovens.
De forma divertida e didática, outros alunos da instituição são protagonistas dos mais de 20 vídeos já publicados no perfil. São adolescentes dando as explicações sobre tantas outras dúvidas. O impacto desses vídeos é imensurável: imagine tantos outros adolescentes que podem se inspirar e decidir seguir os caminhos da ciência? Não é um benefício apenas pessoal, é contribuição para a construção de capital humano para um futuro no qual a produção de ciência e tecnologia será essencial e um diferencial competitivo.
A educação no país, afora todas as carências estruturais que ainda contribuem para um mau desempenho geral, tem ainda o desafio de se tornar atraente, sobretudo aos estudantes que chegam ao ensino médio. A viralização da ciência pode ser uma forma de aguçar a curiosidade dos jovens não somente para o ensino médio profissionalizante, como para a educação superior. O importante é oxigenar as possibilidades de escolha. Sem estímulo, ninguém se apaixona por uma área de conhecimento, seja ela qual for.
Esses são os influenciadores que queremos: aqueles que despertam na garotada a sensação de que se dedicar aos estudos vale o esforço, não só pelo conhecimento adquirido, como pela possibilidade de aplicá-los na vida profissional ou numa carreira acadêmica, no futuro, produzindo ainda mais conhecimento. O prazer da descoberta é um estimulante que não pode ser desperdiçado.
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