O último mês de abril viu a venda de motocicletas no Brasil crescer expressivamente. De acordo com números da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), somente neste mês em 2024 foram vendidas 170.252 unidades, 40,82% a mais que o mesmo período em 2023. O melhor desemprenho mensal desde 2011.
Uma tendência que disparou na pandemia — não só como opção de mobilidade mais em conta, como possibilidade de renda para muitos brasileiros. Com uma frota que não para de crescer, os acidentes envolvendo motocicletas também ficaram mais recorrentes.
No Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o Samu, eles estão no topo das ocorrências no Espírito Santo. Reportagem da TV Gazeta mostrou que, durante todo o ano de 2023, foram 1.945 atendimentos. De janeiro a março deste ano, foram 512 ocorrências com motos, número 22,7% maior que no mesmo período de 2023.
As mortes acabam sendo frequentes demais. Na noite de quinta-feria (9), um jovem de 25 anos perdeu a vida após bater em uma placa de sinalização, em Colatina. Na manhã de sexta-feira (10), um motociclista morreu em um acidente perto de um shopping em Vila Velha. No sábado (11), um jovem de 18 anos morreu após colisão com carro na zona rural de Presidente Kennedy à tarde, enquanto à noite um jogador de futebol não sobreviveu à batida com um automóvel em Guaçuí. Perdas irreparáveis.
De acordo com o Observatório da Segurança Pública do Espírito Santo, nos três primeiros meses de 2024, as mortes em acidentes com moto representam 50,5% de todas as vítimas fatais no trânsito no período. A notícia boa é que, na comparação com 2023, as mortes no primeiro trimestre nesse tipo de acidente tiveram redução de 10%, com 99 vítimas em 2024.
As motos facilitam a locomoção nos centros urbanos e também no interior. Nas ruas e avenidas das cidades é possível testemunhar com frequência cenas de negligência e imprudência, enquanto nas zonas rurais é comum, nos acidentes registrados com uma frequência absurda no interior do Estado, os condutores nem sequer terem habilitação.
É preciso acabar com o estigma: motos não podem continuar sendo sinônimo de acidente. Os motoristas de veículos maiores, seguindo o que dita o Código de Trânsito Brasileiro, precisam cuidar dos menores, com uma direção que garanta segurança a quem está mais exposto no tráfego. Mas os motociclistas também precisam ter consciência dessa vulnerabilidade e guiar seus veículos com mais cuidado.
Ações que organizem o trânsito, sobretudo com foco em quem está sobre duas rodas, ainda são insuficientes. Os acidentes frequentes são a prova de que precisamos de mais fiscalizações para colocar ordem e coibir esses comportamentos de risco dos condutores. É o rigor da lei que ainda pode mudar comportamentos.
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