Uma ponta de esperança surge sempre que a queda no número de homicídios é divulgada. Dessa vez, a boa notícia veio do Atlas da Violência 2024. O relatório aponta que o número de mortes violentas no Espírito Santo caiu 8,5% de 2021 para 2022. Foram registrados 1.147 homicídios em 2022, contra 1.253 no ano anterior. Isso significa que 106 vidas foram salvas, entre um ano e outro.
Vale destacar, ainda, que essa tendência de queda nas mortes violentas vem desde 2011, com apenas uma interrupção em 2017 – ano em que houve a greve da Polícia Militar no Estado. Outro dado positivo é que Cariacica e Serra, que já chegaram a ocupar os primeiros lugares no ranking das 50 cidades mais violentas do país – entre aquelas com mais de 100 mil habitantes –, agora já estão nas últimas posições: 48º e 49º, respectivamente.
São dados que devem ser recebidos com otimismo. Assim como o fato de o Estado ter fechado 2023 com o menor número de homicídios dos últimos 27 anos e, mais recentemente, a queda de 12% nas mortes violentas nos primeiros cinco meses de 2024, em comparação ao mesmo período do ano passado.
Quando a guerra travada é contra a criminalidade, que está sempre buscando formas de aumentar seu poder, toda vitória precisa ser reconhecida e celebrada. Mas é preciso ir além. O combate à violência não permite trégua. É necessário que a queda nesses indicativos se torne mais ampla e atinja todo o Estado. Afinal, por maior que tenha sido a redução, ainda houve 1.147 vidas perdidas de forma violenta. O equivalente a três mortes por dia e quase 100 por mês.
O Atlas da Violência também traz outros dados que merecem atenção. O Espírito Santo registrou uma taxa de 27,7 homicídios por 100 mil habitantes, a 14ª maior do país, entre 26 Estados e o Distrito Federal – equidistante tanto do topo quanto das últimas posições do ranking. Ou seja, está no meio do caminho para alcançar um resultado ainda mais satisfatório. Também não pode ser tolerado que, das mortes violentas, 580 tenham sido de jovens de 15 a 29 anos, o que representa mais da metade do total (50,5%).
Para além das estatísticas, não dá para ignorar a existência de comunidades inteiras atormentadas pelo medo da guerra do tráfico, tendo de conviver com assassinatos, além de tiroteios e confrontos, como o ocorrido na noite de quarta-feira (19), em São Benedito, Vitória.
O secretário de Estado da Segurança Pública, Eugênio Ricas, destacou à reportagem de A Gazeta a importância do programa Estado Presente para a queda constante nos índices de homicídios. O investimento em políticas de proteção social, em áreas de vulnerabilidade social, além de oportunidades de emprego e qualificação voltadas ao público jovem, de fato, já demonstra resultados. Mas convém lembrar que as facções criminosas há tempos atuam de forma interestadual. Para enfrentá-las, então, são necessárias estratégias pensadas não apenas localmente, mas também de maneira nacional.
Está claro que os desafios persistem. Há outras frentes de batalha a serem vencidas. A redução dos índices de homicídios deve ser comemorada. No entanto, enquanto números e estatísticas não se traduzirem realmente em uma sensação de paz para a população, qualquer celebração terá de ser moderada. Não é hora ainda de baixar a guarda nessa luta contra a violência, que é diária.
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