O melhor resultado da série histórica no quantitativo anual de homicídios no Espírito Santo, marca celebrada neste espaço nesta quarta-feira (3), precisa ser visto como uma oportunidade. Foi a primeira vez, desde 1996, que a Grande Vitória registrou menos de 500 mortes violentas: foram 464 no ano passado.
Já dissemos aqui que a continuidade de ações de enfrentamento, especialmente pelo Poder Executivo, é algo a ser evidenciado diante do novo quadro. Mas isso não basta. É preciso que haja uma grande mobilização, envolvendo toda sociedade e suas instituições, para que haja ações preventivas, investigativas e punitivas perenes, amparadas na lei.
Com o dado de que 65% dos homicídios no ano passado no Estado se relacionaram com o tráfico de drogas, fica mais evidente que os acertos de contas e as disputas territoriais entre criminosos são motores da violência. Há provavelmente mais armas em circulação, em um mercado de entorpecentes que é cada vez mais lucrativo e letal.
O aumento de 21,4% de 2022 para 2023 em Vitória é expressivo, e é importante que as autoridades se dediquem a freá-lo, colocando a Capital novamente em tendência de queda. As oscilações nessas estatísticas acabam sendo comuns: Vila Velha, por exemplo, registrou 135 homicídios em 2021. No ano seguinte, escalou para 159. Já em 2023, caiu vertiginosamente para 119. Temos que eliminar a possibilidade de ter uma nova bola da vez. Para isso, precisamos ter ações coordenadas, envolvendo todas interfaces com poder de interferir nesse cenário, focadas no mesmo objetivo.
O importante é entender o que está acontecendo, com estratégias de desmobilização das facções que envolvam todo o aparato estatal: das polícias, inclusive seus setores de inteligência, ao Ministério Público e ao Judiciário. Além de Vitória, outras cidades que apresentam altas consideráveis nas estatísticas vão merecer mais atenção. Não se trata de alarmismo, mas de uma reação (bem) organizada e planejada.
As estatísticas de 2023 são uma bússola importante para 2024. Aliando as ações de enfrentamento da criminalidade, que cabem ao governo estadual, com as medidas importantes da infraestrutura da cidade, a cargo dos municípios, especialmente. E passando também pelo sistema de Justiça e pelos legisladores, para que não prospere nenhuma sensação de impunidade.
A queda nos números do Estado é uma excelente oportunidade, motivadora do ponto de vista da ação para transformar realidades. Mas o aumento das mortes em algumas cidades também deve ser visto da mesma forma, exigindo ações, não somente das polícias, que possam enfrentar diretamente as engrenagens que promovem a violência.
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