Enquanto merecidamente comemora a posição inédita no Ranking de Competitividade dos Estados de 2020, o Espírito Santo tem a oportunidade de compreender que não pode haver descuido com os fatores que o levaram ao 5º lugar nacional. É o que vai garantir uma evolução contínua, com políticas públicas voltadas para uma gestão cada vez mais eficiente, capaz de criar um ambiente de negócios fértil aos investidores.
Nas palavras dos próprios executivos do Centro de Liderança Pública (CLP), uma das entidades desenvolvedoras da pesquisa, o avanço do Estado, que em 2018 ocupava a oitava posição e no ano seguinte chegou à sexta, não se deu por mera casualidade. "Ele não subiu porque outros caíram, e sim por méritos próprios", apontou o head de competitividade do CLP, José Henrique Nascimento.
E como não há acaso no sucesso, há sobretudo trabalho árduo, o governo estadual tem a chance de realizar uma autoavaliação a partir dos próprios indicadores do levantamento. Como o critério que mais pesou positivamente foi a solidez fiscal estadual, fica evidente que o compromisso com a racionalidade do gasto público tem colocado o Espírito Santo na vanguarda nacional, da qual não pode ousar se desvencilhar. Nesse pilar, conseguiu ainda mais destaque e ocupou a primeira posição, após a vice-liderança do ano passado.
Com as contas organizadas, os investimentos sentem-se bem-vindos no médio e longo prazo. A coleção de notas "A" da Secretaria do Tesouro Nacional desde 2012 tem mostrado o empenho estatal para garantir a sustentabilidade financeira, uma prioridade que permite o pagamento da folha de pagamento em dia e as despesas essenciais com educação, saúde e segurança.
O Espírito Santo de hoje é muito distinto daquele de 20 anos atrás, quando não conseguia cumprir com suas responsabilidades. O choque de gestão, associado ao combate ao crime organizado que contaminava as altas instâncias do poder público, conseguiram transformar a realidade capixaba.
Mesmo atravessando uma crise sanitária avassaladora, a casa arrumada nos últimos anos pode reduzir os impactos. Não será fácil, como já apontam os resultados mais recentes do PIB capixaba. No segundo trimestre de 2020, em comparação com o período anterior, segundo projeção do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), a queda foi de 5,9%. Já em relação ao segundo trimestre de 2019, a retração foi de 10,2%, considerada a pior para o período desde 2009, após a explosão da crise de 2008 nos Estados Unidos.
Foi justamente o resultado ruim da economia capixaba no ano passado que reduziu o desempenho do Estado no ranking. No pilar cenário econômico, o Estado caiu 11 colocações e passou a ocupar a 23ª posição no ranking. Nesse aspecto, os gargalos são conhecidos, com as deficiências em infraestrutura, logística e produtividade. Setores que têm impacto direto na constituição de uma economia mais dinâmica.
Os méritos são incontestáveis, as adversidades seguem o mesmo rumo. Sobre os primeiros, o Estado conseguiu se firmar em meio a políticas de Estado perenes, que transcenderam a governos e governadores, com o resultado positivo sendo colhido dia após dia, como a recente liderança nacional no Ideb no ensino médio entre as escolas particulares e públicas. Uma educação de qualidade é ponto certo na produção do capital humano inovador e competitivo. No campo dos contratempos, um reposicionamento no que diz respeito à segurança pública para além da queda dos homicídios registradas na última década.
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O Espírito Santo tem potencial para avançar além desse quinto lugar, deixando para trás São Paulo, Santa Catarina, Distrito Federal e Paraná. Um Estado mais competitivo não se apresenta somente como uma economia mais saudável e próspera; é também um espaço aberto para mais justiça social.
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