Os números mais recentes de homicídios no Estado apontam uma queda considerável, após os meses de fevereiro e março terem testemunhado mais de cem mortes, o que acendeu o alerta da sociedade. Já com a nova gestão da Secretaria Estadual de Segurança Pública, trocada no dia 6 de abril, naquele mês foram registrados 95 homicídios, ante as 140 mortes de março e as 110 de fevereiro.
A estratégia de redução de assassinatos tem sido a prioridade do governo estadual desde o fim da primeira década deste século, quando se estabeleceu entre os mandatos que se sucederam. Uma política de Estado incontestavelmente bem-sucedida, portanto. O ano de 2019 foi um marco desse processo, quando o Espírito Santo registrou menos de mil mortes em um ano, algo que não ocorria desde os anos 90.
Vale a nota: com a mudança de comando, nem mesmo a pandemia que tem mobilizado o planeta está impedindo as ações de combate à violência neste período tão turbulento. Não é tarefa simples, principalmente diante dos cuidados que devem ser dedicados aos agentes da lei, a linha de frente dessa guerra que, se parece não ter fim, continua sendo encarada com a importância que nunca deixa de ter.
Na semana passada, as forças de segurança estaduais foram mobilizadas, sob a batuta da Polícia Civil, para a Operação Caim, que culminou na prisão de 43 criminosos, sendo 16 deles com mandado em aberto por homicídio, além da apreensão de armas, munições e drogas. Só na Grande Vitória, foram 115 policiais civis e 66 militares, com efetivo também atuando no interior.
Um enfrentamento amplo, que mostra a disposição das forças policiais pelo desbaratamento de gangues e facções que se infiltram por todo o território. É um importante recado para a criminalidade: as maiores cidades do Estado podem até concentrar as ações, mas o interior não está desguarnecido.
E foi o que se viu na última segunda-feira (11), com a Operação Sentinela, com a prisão de mais 48 suspeitos em 37 municípios. Mais de 500 policiais militares estiveram envolvidos na ação. A promessa é a de que esse tipo de operação ofensiva continue.
As cadeias de comando do tráfico precisam sofrer esse tipo desestabilização regularmente, e a chegada do Coronel Alexandre Ramalho tem tudo para ser crucial nessa estratégia, dada a sua experiência. É preciso ocupar os vácuos que permitem o estabelecimento de formas paralelas de poder, reduzindo a influência maléfica nos bairros mais pobres.
A Grande Vitória está retalhada por grupos criminosos, o que é visível com a explosão da violência registrada nos últimos anos em regiões como a do Bairro da Penha. Com a autoridade se fazendo presente, haverá reação, mas o inimigo não tarda a ser vencido.
Não sem antes haver a necessária inclusão, de quem vive sob a égide do terror do tráfico, aos parâmetros civilizatórios, com acesso a oportunidades que estão sendo historicamente negadas.
Educação de qualidade, saúde, saneamento, moradia, tudo faz parte desse pacote ainda inatingível em um país tão desigual, mas essencial para tirar a criminalidade do horizonte das possibilidades mais promissoras. A vulnerabilidade social ainda é o maior dos males, o que não impede que o enfrentamento seja colocado em evidência quando uma guerra real está em curso.
O novo secretário de Segurança esteve, no início do mês, no bairro Piedade, no Centro de Vitória, para um patrulhamento nas áreas elevadas, região que foi cenário de muitas mortes nos últimos três anos na disputa do tráfico, com a morte também de inocentes.
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"Estamos demonstrando o nosso respeito e consideração, e gostaria de dizer que continuaremos trabalhando firmes para trazer mais segurança para essa comunidade", ressaltou o coronel Alexandre Ramalho, na ocasião. A postura é notável, mas deve vir acompanhada de atitudes que a corroborem as intenções nessa jornada que se inicia. Até o momento, está no caminho certo.
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