"É uma cilada, Bino!"
A famosa frase de "Carga Pesada", que segundo o ator Antônio Fagundes foi dita apenas uma vez nos cinco anos em que a série foi exibida nos anos 2000 pela TV Globo, cresceu a ponto de se consolidar como um meme atemporal na internet, usado como um alerta de perigo bem-humorado.
Mas, diante do óbvio fato de que não é apenas na ficção que caminhoneiros se arriscam nas estradas, o bordão também pode ser levado a sério.
Afinal, esses profissionais estão constantemente sujeitos à violência: de acordo com a Polícia Civil, desde 2019, uma só quadrilha foi responsável pelo furto de 400 caminhões nas estradas capixabas. Um número que poderia ser significativamente reduzido caso a legislação brasileira fosse mais dura.
Isso porque a própria polícia informou que, quando as ocorrências começaram a crescer em 2019, houve um esforço investigativo que identificou e prendeu 51 pessoas em 2021. Prisões que foram convertidas para medidas cautelares, como o uso de tornozeleiras. De volta às ruas, os crimes voltaram a crescer em 2022. Somente em 2023, foram 49 ocorrências.
É um forte indicativo de que há algo errado com a forma como a Justiça é aplicada. Sobretudo nos casos em que atinge pessoas com algum poder econômico. A avaliação sobre o encarceramento deveria ser mais rigorosa, para desmobilizar definitivamente quadrilhas como essa, especializada em furtos de caminhões. É inaceitável que as autoridades fiquem de mãos atadas quando se conhece muito bem quem pratica o crime.
Assim, a polícia teve que ser mobilizada novamente para prender quem já havia sido preso em 2021: na última segunda-feira (23), o líder da quadrilha foi levado para a cadeia pela mesma equipe de dois anos atrás. Ele estava em um hospital, o mesmo em que estava internado em 2021 pelo mesmo motivo, um braço quebrado. Tantas coincidências que poderiam ter sido evitadas se ele tivesse sido mantido na prisão.
É o que a sociedade quer: a eficiência das prisões, que os criminosos que são realmente uma ameaça à ordem pública sejam mantidos encarcerados. Para não continuar vendo tantas ciladas repetidas.
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