Enquanto as nações discutem os caminhos possíveis para atenuar os impactos das mudanças climáticas na COP 28, a cúpula do clima da ONU iniciada nesta quinta-feira (30), em Dubai, os sintomas do que pode vir a ser um evento extremo do clima já estão sendo sentidos no Espírito Santo. Nesta terça-feira (28), 12 municípios do Norte do Espírito Santo já avaliam a possibilidade de decretar estado de emergência em decorrência da seca na região.
É uma amostra de que aquilo que está sendo discutido em escala global já deixou de ser uma mera preocupação de ambientalistas: a realidade já dá as caras com uma frequência notável: da estiagem na Amazônia às chuvas atípicas no Sul do país testemunhadas neste ano de 2023, desconsiderar esses apelos do clima é negar o óbvio.
O governador Renato Casagrande está em Dubai, onde vai apresentar o Plano Estadual de Descarbonização e Neutralização de Gases do Efeito Estufa e o Programa Capixaba de Carbono e Soluções Baseadas na Natureza. Casagrande preside o Consórcio Brasil Verde, criado em 2021 para desenvolver ações coordenadas entre os entes federativos e obter recursos financeiros externos, com boas práticas para mitigar os eventos climáticos extremos no país.
No Espírito Santo, o momento é crítico não somente no Norte. No último dia 22, a Agência Estadual de Recursos Hídricos (AGERH) declarou estado de atenção em todo o território capixaba, com medidas para enfrentar a escassez de água pela falta de chuvas nos últimos meses.
Teme-se que a situação chegue aos extremos da crise hídrica registrada entre 2015 e 2017, com impactos na agricultura e na indústria. Mais uma vez, o governo estadual precisa ser protagonista na adoção de medidas de enfrentamento, com o engajamento das prefeituras. O reúso, a captação e o armazenamento da água em plantas industriais e na irrigação devem ser mandatórios. E a recuperação de rios está na ordem do dia.
Os períodos de seca intensa, assim como os de chuva excessiva, são imprevisíveis, mas serão cada vez mais comuns com as mudanças climáticas.
Uma cena registrada na semana passada pela TV Gazeta mostrou a devastação da seca em Rio Bananal, no Norte do Estado. Com a falta de chuva, o nível do rio que corta a cidade baixou a ponto de secar em alguns locais, matando os peixes. O mau cheiro se espalhou pela área urbana.
As imagens chocam. E devem provocar mais do que uma indignação passageira. É preciso estar preparado para o pior, só assim os impactos podem ser reduzidos. A redução das emissões de gases para controlar esse caos em escala planetária é uma decisão macropolítica de suma importância para a viabilidade da vida na Terra. Mas ações locais são imprescindíveis para reduzir os danos, diante da escassez hídrica. A pauta climática é também prioridade de prefeitos e governadores, dentro de suas alçadas.
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