A percepção dos eleitores sobre os problemas que mais afetam o Espírito Santo é preciosa para os candidatos nas eleições deste ano. Mais que isso: é a narrativa do eleitor que materializa as demandas reais da população. Cada candidato, de acordo com os cargos que pleiteia e suas respectivas atribuições, deve fazer uma leitura desses anseios para além do mero marketing eleitoral. O eleitor quer planos, estratégias, foco, propostas. O tempo das promessas irrealizáveis ficou para trás.
Depois de dois anos de pandemia, os entrevistados na pesquisa eleitoral realizada pelo Ipec no Estado, a pedido da Rede Gazeta, apontaram a saúde como o maior problema a ser encarado pelos representantes eleitos neste ano. Os desafios da crise sanitária deixaram marcas e ensinamentos, mas os problemas na saúde pública não se limitam a ela. No último sábado (30), a morte de um adolescente de 16 anos na porta do Himaba, em Vila Velha, mostrou como o descaso nessa área perpetua as desigualdades sociais. Não é à toa que a saúde é uma prioridade para 58% dos entrevistados na pesquisa.
Em seguida, a área mais citada foi a segurança pública, que preocupa 44% dos ouvidos no levantamento. Na Grande Vitória, os embates entre facções têm sido mortais não somente para os criminosos: nos bairros conflagrados, inocentes se tornaram alvos de disparos a esmo, como o caso da pequena Kemilly Vitória Caldeira Santos, de 9 anos, morta na semana passada no bairro Ilha da Conceição, em Vila Velha. O município, inclusive, tem sido o epicentro da violência neste ano de 2022.
A guerra urbana é pelo controle do tráfico, o que coloca as drogas no centro do problema. Faz sentido que o tema tenha sido citado por 30% dos eleitores consultados. O uso de entorpecentes acaba unindo as duas pontas: é um negócio ilegal que movimenta muito dinheiro e derrama muito sangue, ao mesmo tempo que se trata de uma questão de saúde pública. Os candidatos precisam propor caminhos mais racionais, possíveis de serem implementados, deixando para trás velhas hipocrisias.
Em seguida, educação e geração de empregos estão encostados, com 26% e 19%, respectivamente. A educação, que é o alicerce de qualquer nação, que qualifica e constrói a força de trabalho. Importante para a produtividade de um país, para a consolidação de um mercado de trabalho. Mas é também a educação que abre oportunidades de futuro e, assim, impede o aumento da criminalidade. Nenhum candidato sério pode menosprezar os seus impactos sobre a formação de um país. Mas o eleitor quer propostas executáveis, não as demagogias de sempre.
Mobilidade, infraestrutura, habitação, impostos. Temas com menos menções, mas que também compõem o mosaico de aprimoramentos que são essenciais para o Estado e para o país. O eleitor, ao apontar o que considera mais falho, está de fato defendendo o seu próprio papel no Estado brasileiro: como contribuinte, exige e tem o direito de receber mais pelo que desembolsa na forma de impostos. Para tanto, a máquina pública precisa de eficiência, cortando os supérfluos. Senhor candidato, o que os eleitores querem, no fim das contas, é competência.
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