Em menos de 24 horas, foram registrados pelo menos quatro acidentes graves envolvendo carretas em rodovias do Espírito Santo. Devido à dimensão desses veículos, são acidentes que deixam um rastro de destruição impressionante. E potencialmente tiram vidas.
Na noite de terça-feira (5), uma carreta tombou na BR 262, em Marechal Floriano, e o condutor morreu no local. Na mesma noite, um outro veículo saiu da pista e capotou na ES 257, em Aracruz, ficando de rodas para cima.
No dia seguinte, à tarde, um outro tombamento de carreta deixou uma pessoa com ferimentos leves na BR 262, em Iúna. Também na quarta-feira, uma câmera de videomonitoramento flagrou o acidente envolvendo duas carretas na BR 101, em Linhares. Um dos motoristas ficou ferido na colisão.
Nesta quinta-feira (7), novas imagens divulgadas neste jornal mostraram que uma das carretas envolvidas no acidente de Linhares havia colidido com um carro menor cerca de meia hora antes.
E esse é somente o recorte desta semana. No sábado (2), o tombamento de outra carreta, seguido de um incêndio, gerou imagens impressionantes na BR 101, em Aracruz. Um homem que estava em um ponto de ônibus foi atingido pela carga e não sobreviveu.
Os últimos acontecimentos concentraram em poucas horas um tipo de acidente que é comum nas rodovias brasileiras, levando-se em consideração que o transporte rodoviário move o país. Dados da Polícia Rodoviária Federal de 2023 mostram que, até abril daquele ano, 46% das mortes registradas nas rodovias federais em todo o território nacional ocorreram em acidentes envolvendo caminhões ou carretas.
Um estudo da Confederação Nacional do Transporte, intitulado "Acidentes Rodoviários - Estatísticas Envolvendo Caminhões", reuniu dados relativos a ocorrências no período de 12 anos (2007 a 2018) no país. Sobre os acidentes ocorridos no Espírito Santo no período, listou as principais causas das ocorrências: a falta de atenção (condutores e pedestres) foi responsável por 29,2% dos casos, seguido por fator humano associado a fiscalização e/ou infraestrutura da via (27,4%). O fator humano não associado a fiscalização e/ou infraestrutura da via (9,6%), problemas/defeitos com o veículo (3,9%) e problemas/defeitos na via (1,2%) ficaram nas últimas posições.
Dados que mostram que as condições da infraestrutura viária são muito importantes para a segurança de carretas e caminhões, mas a prudência na condução desses veículos é o que vai de fato impedir que esses acidentes, sempre de grandes proporções, aconteçam. Para tanto, boas condições de trabalho podem salvar vidas, para evitar o excesso de velocidade e as condições precárias de descanso para cumprir as metas.
Obviamente, o consumo de álcool e drogas é outro fator de risco de acidentes. No ano passado, o exame toxicológico de motoristas profissionais voltou a ser obrigatório.
A sucessão de acidentes com carretas não é mera coincidência ou algo aleatório. A fiscalização nas rodovias é o que pode colocar um freio nessa rotina. Mas, acima de tudo, a adoção de uma direção mais cuidadosa por parte dos motoristas. Conduzir carretas exige uma responsabilidade proporcional à dimensão desses veículos.
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