Sequência de acidentes com carretas no ES assusta: todo cuidado é pouco

A fiscalização nas rodovias é o que pode colocar um freio nessa rotina. Mas, acima de tudo, a adoção de uma direção mais cuidadosa por parte dos motoristas. Conduzir carretas exige uma responsabilidade proporcional à dimensão desses veículos

Publicado em 08/03/2024 às 01h00
Carreta
Carreta caiu fora da pista e ficou com as rodas para cima na ES 257, em Aracruz. Crédito: Reprodução/redes sociais

Em menos de 24 horas, foram registrados pelo menos quatro acidentes graves envolvendo carretas em rodovias do Espírito Santo. Devido à dimensão desses veículos, são acidentes que deixam um rastro de destruição impressionante. E potencialmente tiram vidas.

Na noite de terça-feira (5), uma carreta tombou na BR 262, em Marechal Floriano, e o condutor morreu no local. Na mesma noite,  um outro veículo saiu da pista e capotou na ES 257, em Aracruz, ficando de rodas para cima. 

Nesta quinta-feira (7), novas imagens divulgadas neste jornal mostraram que uma das carretas envolvidas no acidente de Linhares havia colidido com um carro menor cerca de meia hora antes.

Os últimos acontecimentos concentraram em poucas horas um tipo de acidente que é comum nas rodovias brasileiras, levando-se em consideração que o transporte rodoviário move o país. Dados da Polícia Rodoviária Federal de 2023 mostram que, até abril daquele ano, 46% das mortes registradas nas rodovias federais em todo o território nacional ocorreram em acidentes envolvendo caminhões ou carretas

Um estudo da Confederação Nacional do Transporte, intitulado "Acidentes Rodoviários - Estatísticas Envolvendo Caminhões", reuniu dados relativos a ocorrências no período de 12 anos (2007 a 2018) no país. Sobre os acidentes ocorridos no Espírito Santo no período, listou as principais causas das ocorrências: a falta de atenção (condutores e pedestres) foi responsável por 29,2% dos casos, seguido por fator humano associado a fiscalização e/ou infraestrutura da via (27,4%). O fator humano não associado a fiscalização e/ou infraestrutura da via (9,6%), problemas/defeitos com o veículo (3,9%) e problemas/defeitos na via (1,2%) ficaram nas últimas posições.

Dados que mostram que as condições da infraestrutura viária são muito importantes para a segurança de carretas e caminhões, mas a prudência na condução desses veículos é o que vai de fato impedir que esses acidentes, sempre de grandes proporções, aconteçam. Para tanto, boas condições de trabalho podem salvar vidas, para evitar o excesso de velocidade e as condições precárias de descanso para cumprir as metas. 

Obviamente, o consumo de álcool e drogas é outro fator de risco de acidentes. No ano passado, o exame toxicológico de motoristas profissionais voltou a ser obrigatório.

A sucessão de acidentes com carretas não é mera coincidência ou algo aleatório. A fiscalização nas rodovias é o que pode colocar um freio nessa rotina. Mas, acima de tudo, a adoção de uma direção mais cuidadosa por parte dos motoristas. Conduzir carretas exige uma responsabilidade proporcional à dimensão desses veículos.

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