Socorro a estados endividados premia quem não deveria

É preciso que as contrapartidas aos devedores sejam mais estruturais, para que daqui a poucos anos não sejam necessárias novas renegociações

Publicado em 22/08/2024 às 01h00
Plenário do Senado Federal durante sessão deliberativa ordinária.
Plenário do Senado Federal durante sessão deliberativa ordinária. Crédito: Marcos Oliveira/Agência Senado

A aprovação pelo Senado, com ampla maioria (70 votos a 2), do projeto de renegociação das dívidas dos estados com a União deixou um gosto amargo para aqueles que, como o Espírito Santo, estão com as contas em dia

governador Renato Casagrande chegou a abordar esse "desequilíbrio" em entrevista à Agência Estado nesta quarta-feira (21). "Há um certo desequilíbrio, porque está beneficiando mais quem não fez o seu dever de casa e menos quem fez o seu dever de casa, mas, de qualquer maneira, o Espírito Santo se colocou de forma solidária para poder colaborar com os Estados que estão endividados".

Na votação da semana passada, quando o texto foi aprovado, o senador Fabiano Contarato (PT) votou a favor da proposta. O senador Marcos do Val (Podemos) não compareceu, e o senador Magno Malta (PL) não registrou voto.

Os valores devidos passam dos R$ 700 bilhões. Entre os maiores devedores estão os estados mais ricos do país, como Sâo Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.  Muitos deles reincidentes em renegociações e programas de amparo financeiro. Com apoio do Congresso, seguem conseguindo vantagens para, no fim, seguirem endividados.

A nova ajuda aprovada pelo Senado prevê o pagamento em 30 anos e a redução da taxa de juros mediante o oferecimento de ativos dos estados. O texto ainda precisa passar pela Câmara, onde precisa sofrer ajustes que reduzam essas iniquidades com os entes que conseguem cumprir suas obrigações financeiras.

É imprescindível que as contrapartidas aos devedores sejam mais estruturais, para que daqui a poucos anos não sejam necessárias novas renegociações. Somente o  enxugamento racional de despesas e reformas administrativas eficientes são capazes de frear esse efeito bola de neve.

Há mais de 20 anos, sair desse abismo parecia impossível para o próprio Espírito Santo, um estado que se reergueu com organização fiscal. E nos últimos 12 anos coleciona, religiosamente, a Nota A na avaliação sobre a Capacidade de Pagamento dos Estados e Municípios (Capag) do Tesouro Nacional. Um exemplo a ser seguido pelo Brasil.

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