Em 2019, uma nova diretoria assumiu a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) iniciando um processo de profissionalização. A missão, dada pelo governo federal, era remodelar a estatal e assim prepará-la para a privatização, cujo leilão está previsto para novembro deste ano.
Foi justamente essa iniciativa, amparada em auditorias internas, que embasou a Operação Corsários, que investiga um esquema de corrupção no órgão governamental. Segundo a Polícia Federal, a estimativa é de que somente em dois dos contratos auditados tenham sido desviados cerca de R$ 9 milhões, por meio de interferência em licitações e superfaturamento de contratos. O dinheiro embolsado pertence à população, e a dilapidação dos cofres públicos, é sempre bom ressaltar, tem como consequência prejuízos econômicos e sociais evidentes.
Entre os alvos da investigação está a senadora Rose de Freitas (MDB). No apartamento funcional dela em Brasília e em sua residência em Vitória, foram cumpridos mandados de busca e apreensão. Dos três presos na operação, dois eram familiares da parlamentar: o irmão Edward Freitas, que até 2019 ocupava um cargo comissionado na Codesa, e o primo e assessor Ricardo Saiter, que também trabalhou na estatal.
Em nota, a senadora Rose de Freitas, negou ter cometido qualquer ilícito. Mas, como qualquer cidadão, terá de prestar contas às investigações, que deverão ocorrer nos limites da legalidade, com amplo direito de defesa. A apuração dos fatos não pode deixar nenhum rastro de dúvidas, e seu desfecho deve ser apresentado à sociedade.
Órgãos, autarquias e empresas públicas no Brasil não podem funcionar como feudos políticos. Todo serviço pago com dinheiro do contribuinte precisa ser pautado na máxima eficiência. É evidente que, quando há governança, a má gestão aparece.
A Codesa nos últimos dois anos passou por uma mudança de cultura para adequá-la aos padrões de exigência do mercado. Exemplo de gestão pública que deveria ser a regra, não a exceção, só porque há uma privatização muito esperada a caminho.
No Brasil, arrancar as raízes do patrimonialismo é uma tarefa difícil, mas não impossível. Empresas e órgãos públicos não podem ter donos, mesmo que figurativos. Já passou da hora de o Estado brasileiro superar esse atraso.
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