É incontestável a relevância do levantamento do Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCES) que flagrou que, em uma amostra de 35 hospitais públicos (municipais e estaduais) do Estado, 45% não monitoram e, por isso, desconhecem o tempo de espera para agendar consultas em atendimentos ambulatoriais e exames médicos.
Afinal, é um indicativo da qualidade da saúde pública. “Aguardo há um ano e três meses para agendar uma consulta com um oftalmologista”, relatou um ouvinte da CBN Vitória.
Ora, se quase a metade dos hospitais analisados não consegue determinar o tempo necessário, é certo que cada paciente que depende do serviço público é capaz de contar cada minuto que precisa esperar para cuidar da própria saúde. Essa demora é desumana, sobretudo diante das vulnerabilidades de pacientes que buscam tratamento. O impacto na própria saúde acaba sendo inevitável.
Como apontou a colunista Vilmara Fernandes, o monitoramento desses prazos é fundamental para verificar se os hospitais estão cumprindo a legislação (Resolução CIB/SUS-ES n°072/2022), que estipula um período de 15 e 60 dias de espera, conforme a classificação de risco.
O remédio que anda faltando é gestão. Minimamente, é precisco conhecer as próprias falhas para poder começar a saná-las. E esses hospitais que ignoram uma informação tão essencial para o seu próprio funcionamento não conseguem oferecer um serviço de qualidade. Os serviços prestados ficam cronicamente comprometidos. Quem sofre é a população.
O Tribunal de Contas chegou a sugerir que o relatório fosse arquivado, o que foi justificado à coluna de Vilmara Fernandes como parte do rito processual. A Corte garantiu que o desempenho dos hospitais públicos será avaliado em uma auditoria. É importante que seja realizada uma investigação ampla e transparente, visto que uma parte do relatório, com os riscos levantados e a pontuação obtida por cada um dos hospitais, está em sigilo.
Aguardar em uma fila sem que haja qualquer previsão de atendimento adoece ainda mais as pessoas. O sistema de saúde, com o empenho das autoridades, precisa buscar a própria cura, para poder prestar o serviço com a qualidade e a dignidade que a população, que paga seus impostos, merece.
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