Tensão e mortes em Vitória: Estado precisa se fazer presente

É a falta de tranquilidade cotidiana para milhares de pessoas, que precisam conviver com o medo e a violência, que torna ainda mais dramático esse cenário

Publicado em 31/01/2024 às 01h00
Vitória
Bairros da Penha, Bonfim e São Benedito. Crédito: Fernando Madeira

A região do Bairro da Penha, em Vitória, voltou a ser o epicentro da violência nos últimos dias, com a polícia na mira de criminosos em pelo menos três ocasiões: um homem foi morto nesta segunda-feira (29) quando a Polícia Militar revidou aos tiros na região, e logo depois o Destacamento da PM de São Benedito foi atacado a tiros; na sexta (26) dois homens foram mortos após a PM ser surpreendida por criminosos na Escadaria dos Trabalhadores; e no dia 23 um jovem de 24 anos também morreu após a polícia revidar ao enfrentamento dos traficantes.

A região é dominada por uma facção do tráfico, e as próprias autoridades admitem que os diferentes grupos brigam entre si por território. O comandante-geral da PM, coronel Douglas Caus, afirma que houve um acirramento desses confrontos em outubro do ano passado, entre o Primeiro Comando de Vitória (PCV) e o Terceiro Comando Puro (TCP).

No meio do fogo cruzado, está a população. É a falta de tranquilidade cotidiana para milhares de pessoas, que precisam conviver com o medo e a violência, que torna ainda mais dramático esse cenário. Pessoas inocentes foram vítimas em passado recente e outras que nada têm a ver com criminalidade podem ser a próxima vítima de uma guerra da qual não fazem parte.

As mortes dos últimos dias ocorreram em circunstâncias nas quais a polícia estava envolvida, e é importante que as autoridades estatais se façam presentes nesses locais. Claro, é imprescindível que essas mortes sejam esclarecidas, para que não paire dúvidas sobre as ações policiais. Afinal,o tráfico precisa saber que não dita as regras e não está acima do Estado.

Vitória, vale lembrar, foi o único município da Grande Vitória que teve aumento no número de homicídios em 2023, e é justamente essa guerra de facções a razão disso. Para as autoridades de segurança pública, cabe a atenção permanente para combater esses criminosos, que pelejam entre si, com as armas da legalidade. Lideranças precisam ser encarceradas, sem deixar espaços para que outras tomem o seu lugar.

O enfrentamento da criminalidade depende de estratégias eficientes,  só dá resultados perenes com ações no atacado. Com operações que reprimam o crime, com prisões que sejam significativas para desestabilizar as facções, com força investigativa. O varejo é necessário, mas acaba sendo pontual, sem impactos que transformem a realidade.

Ações de cidadania são sempre relevantes, portanto. De toda ordem: da educação aos espaços de lazer, bem estruturados e cuidados, para que o território seja ocupado com ações positivas que superem as pontualidades das ações do tráfico.  Melhorias no ambiente social são fundamentais e civilizatórias, o verdadeiro freio para a criminalidade.

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