Rosimery. Jocival. Ludimar. Salvador. Zenidalva. Denis. Anderson. Marcos Jorge. Ademar. Paulo Roberto. Dez nomes de pessoas, gente como a gente, que com suas virtudes e defeitos, sonhos e desilusões, acabaram perdendo a vida para o novo coronavírus. Dez nomes escolhidos para representar os mais de 500 mortos por Covid-19 no Espírito Santo, triste marca atingida nesta quarta-feira (27). Nomes de pessoas de carne e osso, que deixaram pais, mães, filhos, irmãos, cônjuges e amigos desolados com sua inesperada partida. Gente que ocupa agora estas linhas para dar rosto à tragédia que se abate sobre o planeta, mas que tem acontecido diariamente ao nosso redor.
Não há como não se sensibilizar com o número, que não para de crescer. Nestes tempos tão difíceis, nos quais um simples abraço passou a colocar vidas em risco, o luto é coletivo, mesmo que tenha que ser uma experiência ressignificada nesta pandemia, sem os devidos ritos.
A dimensão da tristeza se concretiza com essas perdas irreparáveis, não somente para as famílias, mas para a própria sociedade, em busca de algum consolo. E não há nenhum que consiga justificar que ainda persista um certo descaso. Cada vida perdida para a Covid-19 simboliza a necessidade de uma reação, coesa, que caminhe para a superação da crise sanitária.
No dia 6 de maio, data em que o Brasil registrava 8,5 mil óbitos, o apresentador William Bonner expressou a importância de se sentir essas mortes, com o peso que elas têm. “Os números vão aumentando desse jeito, cada vez mais rápido, vão dando saltos, e vai todo mundo se acostumando, porque são números. O número muito grande de mortes, de repente, num desastre, sempre assusta, as pessoas levam um baque. Morreram mais de 250 pessoas em Brumadinho. É uma tragédia. Nos EUA, em 2001, morreram quase 3 mil nos atentados do 11 de setembro. Mas quando as mortes vão se acumulando ao longo dos dias e das semanas, como acontece agora na pandemia, esse baque se dilui e as pessoas vão perdendo a noção do que seja isso”, refletiu na ocasião, durante o Jornal Nacional.
Mas há mais razões para se acostumar com as mortes: uma certa anestesia para encarar a dura realidade de que se morre de forma banal no Brasil cotidianamente. A violência está na criminalidade, no trânsito, na falta de acesso à saúde. Não sentir tanto as mortes acaba sendo uma estratégia de defesa, mas é preciso redimensionar essa forma de encarar as nossas tragédias. Ignorar a pandemia não fará ela desaparecer do mapa.
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E tudo piora quando não há uma liderança nacional, com sensibilidade para honrar essas mortes. “E daí?”, já chegou a ser dito sobre a escalada dos óbitos no país. A noção de certo e errado fica embaçada, mas é urgente recuperá-la: nada justifica a apatia diante dessas perdas.
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