Não custa repetir: a pandemia não acabou. Às vésperas das eleições municipais, que devem tirar um número expressivo de pessoas de casa no próximo domingo (15), o cenário no Espírito Santo inspira cautela. Desde a semana passada, três municípios tiveram a situação agravada e recuaram para o grupo de risco moderado para a transmissão do novo coronavírus.
O mapa de risco do Espírito Santo não chegou a ficar completamente verde. Restava Ecoporanga, e na semana passada amarelou um pouco mais com Colatina e Santa Teresa. E a tendência não pode ser tratada como pontual, o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, já alertou na ocasião que municípios da Grande Vitória também podem sofrer a regressão e voltar ao parâmetro de risco moderado.
A exaustão causada pela pandemia, não somente com a quarentena já abandonada ou com a imposição de relações sociais mais contidas, é compreensível. Pessoas têm de trabalhar para garantir o sustento, para isso é preciso se deslocar de transporte público. Há atividades essenciais no dia a dia. E as pessoas também têm direito a alguma forma de lazer, é questão de saúde mental de primeira hora.
Mas o que tem sido testemunhado é um retorno a uma normalidade que não existe. O uso de máscara ou ainda é ignorado ou foi superado por muitos. Reuniões e festas acontecem como se 2020 fosse uma distante memória ou nem sequer tivesse existido. Jovens se aglomeram em casas noturnas que ainda estão proibidas de funcionar ou em eventos em bares, com permissão, mas que não cumprem as regras de distanciamento.
Isso sem falar na própria campanha eleitoral, caótica do ponto de vista da crise sanitária. Só nas últimas semanas, após o vírus se disseminar entre candidatos e políticos, houve redução de eventos e aglomerações. Faltou rigor fiscalizatório, já que a proibição de comícios e passeatas já estava prevista no contexto da pandemia. Governo do Estado e TRE demoraram a se impor.
O que volta a assustar desde o início de novembro é o aumento das internações em UTI, quando o número de pacientes nessa situação passou de 300. Na última segunda-feira (09), o registro era de 332 pessoas internadas em estado grave da Covid-19, de acordo com o Painel de Ocupação de Leitos Hospitalares do Governo do Estado. O patamar é o maior atingido desde o dia 23 de setembro.
Foi no fim de julho que o governador Renato Casagrande anunciou o início do processo de reversão dos leitos antes destinados a pacientes com Covid-19 para outras doenças. A redução dos casos graves foi um alívio para o sistema de saúde e permitiu aumentar a disponibilidade para atendimento a pacientes com outras doenças.
E na gestão estadual da pandemia está certo que o processo de reabertura de vagas para os infectados pelo novo coronavírus pode ocorrer de acordo com o crescimento de casos que necessitem de mais cuidados médicos. Não há dúvidas de que o gerenciamento hospitalar será efetivado quando necessário, a experiência nos meses mais críticos mostrou essa capacidade. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), 120 leitos já estão programados para serem reabertos. Ainda não há risco colapso justamente por conta dessa flexibilidade. Mas o alerta persiste.
A questão é mais da ordem da responsabilidade individual, que não mudou desde o início da pandemia. Em meio ao aumento da ocupação hospitalar, que vale ressaltar que ainda não é crítica, e o crescimento da taxa de transmissão, cada cidadão deve se resguardar e cumprir os mandamentos básicos de 2020: distanciamento social, uso de máscara e higiene.
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Não se pede aqui reclusão, e a situação nem exige o retorno de medida tão drástica, mas talvez um pouco mais de senso crítico com as próprias atitudes. É justamente para que uma nova quarentena não seja necessária que os cuidados devem continuar sendo redobrados. As tréguas da pandemia dependem do comportamento de cada um.
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