Turismo no ES está na moda, mas ainda não do jeito que queremos

Candidatos a prefeito de várias cidades desfilam propostas para fazer deslanchar o turismo no Estado, que como destino nacional ainda continua pouco procurado: apenas 2,2% do total de viagens do país

Publicado em 18/09/2024 às 01h00
Perspectiva da área de eventos que será construída no local do Pavilhão de Carapina
Perspectiva da área de eventos que será construída no local do Pavilhão de Carapina. Crédito: Divulgação/Setur

Quase todo candidato a prefeito das maiores cidades do Espírito Santo tem alguma proposta voltada para o turismo,  o queridinho da vez nesta campanha eleitoral. Não sem razão: o setor é a aposta do setor produtivo, governo estadual e prefeituras para aumentar a arrecadação quando os efeitos da reforma tributária começarem a ser sentidos no Estado, com o fim dos incentivos fiscais em 2032.

O turismo no Estado está na moda entre os candidatos, não há dúvidas. E isso é importante porque demonstra que eles estão antenados, fazendo o dever de casa. Mas, ao mesmo tempo, as propostas precisam ter viabilidade para não ficarem só nas boas intenções, o incentivo ao turismo deve ser mesmo um compromisso: o turismo funciona com iniciativas privadas, mas depende de indução pública. Essa coexistência precisa ser modulada para que um destino turístico de fato desponte.

O Espírito Santo ainda engatinha nesse sentido. Uma pesquisa do IBGE, em parceria com o Ministério do Turismo,  apontou recentemente que o Espírito Santo foi, no ano passado, destino de 450 mil viagens nacionais, o equivalente a 2,2% do total realizado no país (20,4 milhões). O gasto total médio das viagens com pernoite de turistas que tiveram o Estado como destino foi estimado em R$ 1.565, valor abaixo da média do país, que é de R$ 1.639.

Em sua coluna, Abdo Filho mostrou que algumas iniciativas importantes estão para serem destravadas: o  projeto arquitetônico e executivo do centro de convenções a ser erguido na área do Pavilhão de Carapina, na Serra, deve ficar pronto no fim de outubro, o que vai impulsionar o turismo de eventos na Grande Vitória. Para especialistas, esse é o primeiro passo para induzir também o turismo de lazer. 

Outra expectativa é o retorno de Vitória à rota dos cruzeiros que circulam na costa brasileira. A previsão é que a primeira embarcação atraque por aqui em março de 2025, em caráter de teste. É definitivamente necessário tornar esse desembarque de turistas uma experiência mais atraente do que vinha sendo no passado. O visitante quer ser bem recepcionado, quer conhecer lugares e paisagens deslumbrantes (o que temos de sobra), quer ter contato com a gastronomia do lugar. E quem recebe precisa fazer de tudo para que esse visitante tenha vontade de voltar ou indicar a cidade para seus amigos.

São apenas dois exemplos que podem começar a catapultar o nome do Espírito Santo para os viajantes. As praias precisam ser mais bem vendidas, e também atrair mais investimentos em hotelaria e serviços, para entrarem nos grandes roteiros de viagem. As montanhas capixabas, nesse sentido, têm tido mais destaque nacionalmente, com mais opções de hospedagens e restaurantes para trazer um visitante disposto a gastar.

É excelente que o turismo esteja na boca dos candidatos, principalmente na dos que forem eleitos, para que tenhamos ações bem-sucedidas para desenvolver esse setor capaz de produzir tantas riquezas. Só assim o Espírito Santo poderá ser não só uma moda passageira de turismo, mas um sonho de consumo para quem gosta de viajar.

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