Um limite perigoso é ultrapassado quando tiros são disparados no Transcol

Roubos e arrastões já aterrorizam os usuários de transporte público, mas quando uma arma é disparada é sinal de um agravamento da violência que não pode virar rotina

Publicado em 12/05/2022 às 02h00
Tiroteio
Assaltantes atiraram dentro de ônibus durante arrastão na Serra. Crédito: Archimedis Patrício

Tiros de submetralhadora dentro de um ônibus do Transcol. Não é uma situação corriqueira, que possa ser tratada com a mesma triste naturalidade de roubos e "arrastões" nos coletivos da Grande Vitória, mais frequentes e, em tantos casos, subnotificados. Quando uma arma é disparada, é sinal de que a violência se agrava. Um limite perigoso é ultrapassado, até mesmo quando se trata da criminalidade.

"Quando o rapaz que estava com a submetralhadora foi para frente, saltei do ônibus, com medo de perder documento, celular. Ato de desespero mesmo, porque isso nunca tinha acontecido comigo. Primeira vez. Aterrorizante." O relato é de um fiscal de supermercado que estava no ônibus da linha 508, que faz o trajeto entre os terminais de Vila Velha e de Laranjeiras. A ação ocorreu por volta das 20h desta terça-feira (10), próximo a Avenida Eudes Scherrer de Souza, na Serra.

O transporte coletivo, neste horário, ainda é um ambiente dominado por trabalhadores após um dia extenuante de trabalho. Dentro de um ônibus, não há tranquilidade: é preciso estar sempre com a atenção voltada a movimentações estranhas, como forma de garantir alguma proteção. Os quatro bandidos que participaram da ação pularam a roleta e, pouco depois, anunciaram o assalto. Os tiros foram disparados, segundo testemunhas, após um passageiro gritar para que o motorista abrisse a porta.

Usuários de coletivos vivem sob constante tensão, isso quando não colecionam prejuízos materiais. Bandidos que realizam arrastões fazem ameaças, armados ou não, mas o que impressiona nesse caso mais recente é o armamento pesado que foi ostentado pelo grupo. O objetivo foi aterrorizar os passageiros e fazer uma demonstração de força. Com os tiros, algumas pessoas ficaram feridas com estilhaços de vidros, mas sem gravidade. O trauma, contudo, não é leve.

A insegurança no transporte público afasta possíveis usuários e atormenta quem não tem outra opção de locomoção para os compromissos diários.  Não dá para cobrar presença policial em cada ônibus, mas é possível estabelecer fiscalizações e  blitze em pontos e horários com  mais ocorrências, para inibir esses crimes. Não é tarefa simples, sobretudo diante da desestruturação social provocada pelas crises econômicas não superadas no país. Mas, quando se chega ao ponto de tiros serem disparados para assustar ainda mais os passageiros, é preciso impor limites para impedir que esse terror se repita.

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