Verão chuvoso é filme repetido. Inédita deve ser a forma de encará-lo

O Inmet prevê acumulados de chuva acima da média para o Espírito Santo, com temperaturas próximas e ligeiramente acima da climatologia em todo o Sudeste. Um perfil bem característico da estação na região, portanto nada inesperado

Publicado em 24/12/2022 às 01h00
Chuva
Chuva causa transtornos e deixa ruas alagadas em São Mateus. Crédito: Leitor | A Gazeta

Os meses de novembro e dezembro foram chuvosos, antecipando a chegada de um verão que não deve ser muito diferente. O  Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê acumulados de chuva acima da média para o Espírito Santo, com temperaturas próximas e ligeiramente acima da climatologia em todo o Sudeste. Um perfil bem característico da estação na região, portanto nada inesperado.

As alterações climáticas, contudo, passaram a provocar eventos extremos com mais frequência em todo o planeta. Diante dos avisos de meteorologistas de todo o mundo, fenômenos mais intensos já estão causando mais prejuízos. Estar preparado para eles deixou há muito de ser uma opção, deve ser prioridade do poder público para evitar tragédias, com perdas humanas e materiais.

Um levantamento realizado por este jornal no início de dezembro mostrou que, no Estado, não faltam investimentos. Desde 2019, governo estadual e municípios já investiram mais de R$ 1,2 bilhão em obras de contenção de encostas, macrodrenagem, limpeza de galerias, sistemas de monitoramento das chuvas, estações de bombeamento e outros. 

Há resultados, é claro.  Na Grande Vitória, regiões que sofriam com alagamentos históricos testemunharam a eficiência dessas obras, outras nem tanto. Mas, em alguns casos, regiões antes pouco afetadas passaram a sofrer mais com as chuvas.

O interior também vive drama parecido. São Mateus, no Norte do Estado, por exemplo, é um município que tem sofrido bastante com as chuvas mais recentes. Em 2020, Iconha, no Sul, viveu dias de destruição com os temporais. A cada temporada chuvosa, uma região diferente acaba sendo mais castigada.

A chuva é um fenômeno natural que não deixará de ocorrer e afetar áreas urbanas e rurais. Sobretudo pela falta de planejamento no crescimento das cidades, com a ocupação desordenada de espaços como as margens dos rios, para onde as águas se espraiavam com folga nas cheias provocadas pelas chuvas. Hoje, a água avança pelas áreas ocupadas. A mão do homem pode contornar esse problema com obras de drenagem, mas principalmente com regras eficientes de ordenamento urbano.

Prefeituras e governo estadual devem estar sempre um passo a frente, com a participação das defesas civis e de um corpo técnico, com o envolvimento da sociedade. O mapeamento de áreas de risco, realizado de forma constante, é essencial. Com os novos padrões climáticos, não adianta contar com o já conhecido, é preciso antever os riscos e direcionar investimentos. 

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