
Dá para imaginar esta cena em um filme de ação: ao entrar em Vitória pela Segunda Ponte, um veículo Nissan/Livina, com mais de R$ 21 mil em multas pendentes e licenciamento vencido, foi flagrado pela Central de Videomonitoramento. Uma equipe da Guarda Municipal da Capital foi acionada e prosseguiu até conseguir abordar o veículo na Av. Marechal Mascarenhas de Moraes, em Bento Ferreira. O motorista, um policial federal aposentado, se negou a sair do carro. Acabou preso por ameaçar os agentes e por porte ilegal de arma.
Um enfrentamento importante, auxiliado pelas câmeras do cerco inteligente, para o cumprimento dos aspectos burocráticos do trânsito que, obviamente, são resultado do comportamento imprudente dos condutores. Ninguém acumula R$ 21 mil em multas sem razão, por mais que tanta gente ainda insista na existência de uma "indústria da multa". Basta olhar para o trânsito cada vez mais caótico e violento, não somente em Vitória, para ver que nem essa punição tem sido capaz de abrandar a situação.
A confusão e a imprudência estão por toda parte. Os avanços de semáforo viraram a regra nas avenidas mais movimentadas: na Av. Dante Michelini, em Camburi, é possível flagrá-los com uma frequência inacreditável, só para ficar em um exemplo. Motociclistas estão se sentindo os donos das ruas, ou passam apressados para as entregas ou insistem em fazer manobras arriscadas (os "grauzinhos"). E, para piorar, o crescimento rápido da frota de motonetas e bicicletas elétricas sem uma fiscalização eficiente está acrescentando mais um grau de risco ao trânsito, quando deveriam ser uma solução de mobilidade.
É nesse sentindo que o videomonitoramento poderia ser mais acionado diante dessas infrações, que acontecem o tempo todo, em todo canto. As imagens das câmeras se tornaram uma aliada da segurança pública (na noite de quinta-feira (20) elas foram essenciais para que uma ação rápida evitasse que um ônibus do Transcol fosse completamente incendiado por traficantes em Vitória), mas deveriam ser mais usadas para reprimir tantos comportamentos de risco no trânsito.
Para além desse controle oficial, vale-se falar também do videomonitoramento privado, que para o trânsito acaba não surtindo um efeito legal, mas senadores e deputados têm a oportunidade de legislar em favor do uso dessas imagens que podem ajudar no combate a esse caos desenfreado no trânsito do país.
Recentemente, o governo estadual informou que pretende usar as estratégias do Programa Estado Presente, que vem contribuindo para promover a queda consistente dos homicídios no Espírito Santo desde a última década, para combater a violência no trânsito. Em 2024, o Espírito Santo pela primeira vez registrou mais óbitos em acidentes de trânsito do que homicídios, de acordo com a série histórica. A reação é mais do que necessária.
E é com educação no trânsito, com condutores e até mesmo dos pedestres tendo mais consciência de suas responsabilidades nas vias públicas, que se pode começar a reduzir essas estatísticas. Mas é necessária uma dose de repressão que os flagrantes das imagens podem proporcionar. O trânsito virou terra de ninguém, e as câmeras que observam tudo podem ajudar a mudar isso.
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