Em pleno festejo de São Benedito, uma celebração tradicional na Serra, um tiroteio estridente provocou pânico e correria entre os participantes. Uma pessoa morreu e quatro foram baleadas, mas poderiam ser mais diante de tantos tiros. Nos comentários da publicação sobre o caso no perfil de A Gazeta no Instagram, muitas pessoas trataram a violência nesta festividade como uma tradição:
"Oh, gente, todo ano é a mesma coisa, corajosas são as pessoas que vão"
"Nossa, que novidade. Festa da Serra sem tiroteio não é a festa da Serra, pessoal já vai sabendo."
"Já virou rotina... uma festa que de tradição cultural e religiosa virou tradição de violência"
Não se pode normalizar a violência em nenhuma circunstância. É inaceitável que os moradores da Serra já precisem encarar a criminalidade no dia a dia dos bairros em que vivem, assustados e em estado de alerta constante com a guerra de facções. Mas é ainda mais revoltante que, em um momento de confraternização tão esperado no município, não exista um pouco de paz. O mínimo de tranquilidade.
Os criminosos não dão trégua nem mesmo em uma festa de cunho religioso. A Prefeitura da Serra informou que os disparos foram motivados por briga de facções. "O patrulhamento preventivo estava reforçado e a festa acontecia com tranquilidade. Entretanto os elementos conseguiram se infiltrar na multidão e cometer o delito". A prefeitura também informou que "nas ações de planejamento junto à Polícia Militar, estava acordada a presença da Polícia Montada, que não compareceu".
Ora, de antemão fica evidenciada a necessidade de melhorar a organização dos esquemas de segurança na própria festividade, que prossegue até o fim do mês. E vale lembrar que temos eventos de réveillon, verão e carnaval pela frente. A prefeitura informou que novas estratégias seriam decididas em uma reunião com os membros da Comissão de Eventos, Secretaria de Defesa Social, 6º Batalhão da Polícia Militar, Polícia Montada, Polícia Civil e Polícia Rodoviária Federal.
A bandidagem não pode tomar conta, o policiamento em festividades que atraem tanta gente, como a Festa de São Benedito, precisa ser ostensivo, para marcar presença mesmo. Nesses casos não há espaço para omissões: se a violência estrutural, com as raízes do tráfico, precisa ser combatida com o Estado se fazendo presente com serviços públicos de qualidade e oportunidades, para além da presença policial, em um evento público o policiamento precisa ser eficiente, para não dar brecha a criminosos que querem consolidar a violência como tradição. Uma festa popular só pode ser chamada assim quando o povo não tem medo de estar ali.
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