A decisão de, a partir do ano que vem, realizar a Vitória Stone Fair em São Paulo — com novo nome: Marmomac Brazil — causou surpresa e comoção por promover uma mudança drástica no calendário de eventos capixaba. A feira do setor de rochas ornamentais é tão tradicional no Espírito Santo que imaginá-la em outro lugar era algo bastante improvável.
Mas como nada está escrito em pedra, os organizadores perceberam que a ida para São Paulo seria uma forma de acompanhar as transformações do setor, buscando novos públicos e ampliando significativamente os negócios. A primeira edição da feira fora do Espírito Santo será realizada entre 18 e 20 de fevereiro de 2025 no Anhembi, um dos maiores centros de convenções da América Latina. A visibilidade, tudo leva a crer, será bem maior.
O lado bom, portanto, é a expectativa de fortalecimento do setor, o que beneficia o próprio Espírito Santo, o maior exportador e o principal produtor de rochas ornamentais do Brasil. É preciso buscar novas oportunidades, e estar em São Paulo, onde tudo acontece, pode ser o caminho.
Mas não há como ignorar o tamanho do vazio que a Vitória Stone Fair vai deixar por aqui. Na edição que termina nesta sexta-feira (2), a feira recebeu visitantes de cerca de 50 países, que movimentaram o setor hoteleiro, com ocupação de até 100%. Os dias de feira geraram em torno de R$ 10 milhões em receita na Grande Vitória.
Neste ano, aproximadamente 1,5 mil profissionais estiveram envolvidos na instalação dos estandes no Pavilhão de Carapina. Mais de 100 profissionais atuam nos serviços diretos do evento.
O Sindicato das Empresas de Organização, Promoção e Infraestrutura para Eventos (Sindiprom-ES) e o Espírito Santo Convention & Visitors Bureau estimam que a Vitória Stone Fair movimente até R$ 25 milhões na cadeia produtiva. E pode chegar a representar de 5% a 8% do faturamento dos negócios de algumas empresas.
O turismo de negócios, no Espírito Santo, padece entre expectativas e realidade. Pela posição estratégia do Estado no mapa brasileiro, o potencial é gigantesco, mas ainda falta infraestrutura. A própria organização da feira afirmou que, em dois ou três anos, com a inauguração do novo Pavilhão de Carapina, a Vitória Stone Fair pode voltar ao Espírito Santo, ou assumir um caráter itinerante.
Em novembro, após o leilão do Pavilhão de Carapina fracassar, o governo estadual anunciou que vai fazer um centro de convenções no local com recursos próprios. A inauguração está prevista para o final de 2026.
A decisão de ir para São Paulo merece contar com a torcida de todos, porque o sucesso da feira fora do Espírito Santo representa o sucesso de um setor importante para a economia capixaba. Mas não dá para assistir a tudo de braços cruzados: o Estado precisa insistir na construção de uma infraestrutura competitiva para o turismo de eventos, sob risco alto de continuarmos perdendo oportunidades.
LEIA MAIS EDITORIAIS
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.