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Como escolher por qual caminho seguir no mercado?

Como escolher por qual caminho seguir no mercado?

Diante de um mundo em constantes mudanças, definir a profissão certa é uma das tarefas mais complexas da vida

Publicado em 9 de novembro de 2022 às 08:00

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Não bastassem as incertezas diante de uma escolha de carreira, o mercado ainda apresenta uma verdadeira gama de opções
Não bastassem as incertezas diante de uma escolha de carreira, o mercado ainda apresenta uma verdadeira gama de opções. (Shutterstock)

Um dos momentos mais importantes na trajetória dos adolescentes e jovens, e de uma parcela considerável de adultos, é a escolha da profissão, ou seja, o caminho profissional que deseja seguir durante toda, ou por quase toda a vida.

Por isso, segundo especialistas, é comum que essa seja uma das principais questões das pessoas. Não bastassem as incertezas diante de uma escolha tão determinante, o mercado ainda apresenta uma verdadeira gama de opções, tudo isso em meio a um cenário de constantes mudanças e avanços tecnológicos.

Cacau Lopes da Silva, gerente de implementação e desenvolvimento do Itaú Educação e Trabalho, defende que, em um mundo com tantos caminhos a seguir, a escolha profissional deve ser norteada pelo projeto de vida que os adolescentes, jovens e adultos imaginam para si ao longo prazo.

Ela explica que a construção do projeto de vida faz parte de um processo que deve ser iniciado ainda nos três primeiros anos do ensino médio. “A ideia é que haja um professor que acompanhe o estudante durante esse processo. Não há respostas nem receita. Em geral, pensa-se em algumas etapas que ajudem os estudantes a refletirem no que desejam na sua vida pessoal e profissional”, ressalta.

Nesse caso, o passo inicial em busca da escolha da profissão enquanto projeto de vida começa pelo autoconhecimento e, em seguida, com o olhar dos estudantes para a realidade à sua volta, segundo Cacau.

“Primeiro, o foco é o autoconhecimento, para o jovem olhar para si mesmo, reconhecer seus talentos, seus potenciais e interesses. Em um segundo momento, é preciso olhar para a comunidade em que se está inserido, para a escola, para as relações com a família, ampliando um pouco mais o seu conhecimento”, frisa.

Já o terceiro momento, de acordo com Cacau, é o de analisar a carreira que pretende ser seguida. É importante buscar conhecer mais a respeito do mercado de trabalho e da profissão desejada. E, além de procurar informações sobre a carreira escolhida, é necessário observar a formação que será percorrida.

O passo inicial em busca da escolha da profissão enquanto projeto de vida começa pelo autoconhecimento
O passo inicial em busca da escolha da profissão enquanto projeto de vida começa pelo autoconhecimento. (Shutterstock)

“Por exemplo, quais habilidades o jovem tem ou pode desenvolver focado nesse ou em outro perfil de profissional. Então, o projeto de vida é uma combinação entre a informação e tudo o que foi refletido a respeito de si mesmo e do ambiente em seu entorno”, aponta.

A especialista ainda acrescenta que é importante que os jovens estejam seguros de suas afinidades com a área que pretendem seguir, além de serem capazes de desenvolver competências socioemocionais. “Esses aspectos favorecem a entrada no mercado de trabalho e ajudam em sua permanência”, afirma Cacau, que acrescenta: “O projeto de vida é bem maior que a escolha de uma profissão, já que oferece aos jovens a oportunidade de se programarem como cidadãos. É um comprometimento maior do que meramente escolher ser médico, por exemplo”, afirma.

No entanto, Cacau pondera que a escolha da profissão por aptidão ou por ser o que há de acessível no momento não torna essa decisão menos importante. Ela reconhece que há casos em que essa definição simplesmente acontece por diferentes circunstâncias da vida das pessoas.

Influências

O pró-reitor acadêmico do Centro Universitário Salesiano (UniSales), Alexandre Aranzedo, que também é doutorando em Psicologia, entende a fase de escolha da profissão, especialmente por parte dos jovens, como um dos momentos mais difíceis da vida humana, destacando ser um processo passível de sofrer influências.

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Definir uma profissão é um processo muito complexo e, ao mesmo tempo, muito significativo para os adolescentes e jovens que estão na faixa etária dos 17 e 18 anos, já que é a primeira escolha efetiva dele, que, por sinal, é uma escolha que sofre muitas influências dos pais, dos amigos e da mídia. Tudo isso atrelado ao peso de decidir algo ligado à sua perspectiva de futuro

Alexandre Aranzedo
Pró-reitor acadêmico do UniSales
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Curso técnico abre portas

De acordo com Alexandre, a formação em nível técnico, por exemplo, é uma possibilidade de porta de entrada para o mercado de trabalho, o que permite compreender como funciona a vida profissional.

“A partir do curso técnico, os jovens já podem começar a sentir o que é a profissão, tendo uma perspectiva ativa sobre ela”, evidencia.

Aliás, é comum que adolescentes e jovens cheguem ao fim do ensino médio técnico decididos a seguir na profissão que aprenderam durante a formação, conforme conta Márcia Daniela Fontana, coordenadora pedagógica da Unipró, instituição cujo foco é o preparo de estudantes para o ingresso no ensino médio integrado do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes).

“Nós acreditamos muito que, hoje, há essa necessidade do jovem multidisciplinar. Sabemos das vantagens que se abrem para os alunos que, já no ensino médio, também têm acesso ao curso técnico. Então, nesta experiência, existem vários conhecimentos que são ampliados para esses alunos e, ao mesmo tempo, há a possibilidade de ingresso no mercado de trabalho. Muitos acabam se encantando com o curso e seguindo carreira profissional, vindo, mais tarde, até mesmo a fazer um curso superior com base na área escolhida durante o ensino médio”, explica.

Empreendedorismo

Um caminho que os jovens também podem seguir é o do empreendedorismo
Um dos caminho que os jovens podem seguir é o do empreendedorismo, abrindo o próprio negócio. (Shutterstock)

Um caminho que os jovens também podem seguir é o do empreendedorismo. Muitas escolas colocam na sua prática pedagógica atividades com a finalidade de preparar os alunos para, no futuro, desenvolverem seus próprios negócios.

No bairro Vila Independência, em Cariacica, estudantes da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) José Vitor Filho cursam disciplinas eletivas que fomentam essa realidade empreendedora. A diretora Edma Luppi Salomão explica que as atividades funcionam como oficinas interligadas ao currículo dos alunos.

Ela conta que no segundo trimestre deste ano a escola ouviu os alunos e optou em oferecer ações que permitissem uma participação mais ativa do corpo discente. “Começamos a pensar no empreendedorismo. Assim, abrimos o leque de ideias para que eles aprendam que é possível ganhar dinheiro fazendo algo e desenvolvemos oito eletivas”, relembra a diretora.

Neste estágio, foram montadas oito equipes de trabalho, de produção de massas a operador de e-commerce.

“Eles vão funcionar tipo lojas e não podem depender do projeto para se sustentar. Eles precisam comercializar entre si. O objetivo principal disso tudo é trabalhar a educação financeira. Na aula de matemática, por exemplo, eles têm planilha de quanto custou o material inicial e quanto têm de empreender para fazer o capital girar”, detalha a diretora.

Com objetivos claros, adolescentes apostam no curso de Medicina

No Centro Educacional Madan, onde o foco é preparar estudantes para o ingresso nas universidades e faculdades, cerca de 85% dos alunos que recorrem à instituição já tem objetivos claros: entrar no curso de Medicina.

“Em geral, praticamente todos os alunos que buscam o nosso cursinho chegam já sabendo o que querem para o futuro. No caso dos que chegam com algumas incertezas, oferecemos atendimento psicológico, para que, junto com sua família, o estudante possa tirar todas as suas dúvidas sobre a carreira que pretende seguir”, conta Daniel Rojas Nascimento, diretor de ensino do Madan.

Rojas, no entanto, faz uma ponderação importante. De acordo com ele, muitos jovens que já chegam sabendo o que querem são das classes média e alta, uma realidade diferente de estudantes oriundos de escolas públicas.

“Os estudantes que vieram do ensino público acabam tendo mais dúvidas, pelo fato de ficarem receosos em disputar vestibulares mais concorridos, por exemplo. Muitos até decidem seguir caminhos diferentes dos seus sonhos, por acharem que não têm chances em carreiras cujo processo de entrada é muito concorrido”, afirma.

Em busca da vocação

Para ajudar estudantes de escolas públicas e privadas do Estado a identificarem suas próprias vocações, a UniSales tem um projeto chamado “Eu Quero Ser”. Por meio de estratégias lúdicas, dinâmicas em grupos e diferentes oficinas, os jovens começam a ter clareza de qual área seguir.

“Os estudantes passam pelas seguintes etapas: acolhimento, autoconhecimento, análise do contexto de vida, exploração das profissões e identificação profissional”, finaliza Alexandre Aranzedo, acrescentando que o projeto é para quem está no segundo ou no terceiro ano do ensino médio.

Como definir um projeto de vida

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    O passo inicial começa pelo autoconhecimento. É neste momento que o jovem deve olhar para si mesmo, reconhecer seus talentos, potenciais e interesses.

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    Depois de se observar, é importante olhar para a comunidade ao redor: olhar a escola, as relações com a família e amigos, a região onde mora, etc.

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    Agora, chegou a hora de analisar a carreira que pretende ser seguida. É importante buscar conhecer mais a respeito do mercado de trabalho e da profissão desejada. Também é necessário observar a formação que será percorrida.

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